SOCIEDADE – Tarifaço. A escalada de Trump não assusta Pequim: “Lutaremos até o fim”

A escalada de tarifas e contratarifas entre Washington e Pequim corre o risco de nunca parar. O estopim aceso por Trump em 2 de abril , com a imposição de barreiras alfandegárias de 34% sobre produtos provenientes da China, para se somar às medidas de 20% já em vigor, levou rivais comerciais a aplicarem contra-taxas idênticas de 54%. Na Segunda-feira Negra das bolsas de valores, em 7 de abril , o presidente americano ameaçou Pequim: “Remova suas tarifas ou imporemos novas”. Mas a mudança não parece ter abalado muito os chineses. A reportagem é de Massimo Ferraro, publicada por La Repubblica, 08-04-2025.   Tarifas, a resposta da China “A China nunca aceitará ameaças americanas sobre tarifas e está pronta para lutar até o fim”. Esta foi a resposta de um porta-voz do Ministério do Comércio chinês às declarações da Casa Branca. Trump prometeu que, se a China não recuar, ele está pronto para adicionar mais 50% aos produtos importados para os Estados Unidos, elevando as tarifas para além de 100% do valor do produto. “Se os Estados Unidos insistirem nesse caminho, a China lutará contra eles até o fim”, concluiu o porta-voz”. Não há vencedores em uma guerra comercial.” Essa é a posição do executivo chinês, também relançada pelo Ministério das Relações Exteriores. “O protecionismo não leva a lugar nenhum. Os chineses não criam problemas, mas não têm medo deles. Pressão, ameaças e chantagem não são a maneira certa de lidar com a China ”, disse o porta-voz Lin Jian. China, intervenção governamental contra tarifas – Além das trocas “diplomáticas”, somam-se os compromissos reiterados pelas autoridades da chamada “equipe nacional” de investidores, instituições e organismos públicos que intervêm em momentos de estresse econômico. O fundo soberano Central Huijin garantiu que tem ampla liquidez e está totalmente disposto a cumprir seu papel como estabilizador de mercado. E o banco central chinês (PBOC) acrescentou que apoiará as necessidades de liquidez do fundo. O governo também teria iniciado uma série de negociações com as principais empresas privadas do país para coordenar uma estratégia de negociação neste momento delicado. Fonte: Site Instituto Humanitas Unisinos Matéria Completa: Acesse Aqui

MUNDO – Entidade palestina e Alemanha defendem investigação após Israel admitir “erro” na morte de paramédicos em Gaza

A Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS, na sigla em inglês) pediu nesta segunda-feira (7) uma investigação internacional independente sobre as mortes de 15 paramédicos, em 23 de março, atingidos por disparos israelenses durante uma intervenção para atender feridos perto de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. O exército de Israel admitiu que seus soldados “cometeram erros” na abordagem das ambulâncias, de um carro da ONU e um caminhão de bombeiros da Defesa Civil palestina. A reportagem é publicada por RFI, 07-04-2025. “Pedimos ao mundo que estabeleça uma comissão internacional independente e imparcial para esclarecer as circunstâncias do assassinato deliberado de pessoal de ambulâncias na Faixa de Gaza”, disse o presidente da organização, Younis Al Khatib, a repórteres em Ramallah, na Cisjordânia ocupada. “Por que você escondeu os corpos?”, continuou Khatib, como se estivesse interrogando um soldado hebreu. Os disparos israelenses mataram oito paramédicos do Crescente Vermelho Palestino, seis membros da agência de Defesa Civil de Gaza e um funcionário da agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês). Seus corpos foram encontrados enterrados perto de Rafah no que o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) descreveu como uma vala comum. Inicialmente, o Exército de Israel afirmou que seus soldados “não atacaram aleatoriamente” nenhuma ambulância. Suas forças teriam disparado contra “terroristas”, que se aproximaram em veículos “suspeitos” na escuridão. Um porta-voz militar, o tenente-coronel Nadav Shoshani, disse que as tropas abriram fogo contra veículos que não tinham autorização prévia das autoridades israelenses e que estavam com as luzes apagadas. Mas imagens de celular divulgadas no sábado (5), filmadas por um dos paramédicos que foi morto, mostraram que os veículos de resgate estavam com as luzes acesas, contrariamente às alegações de Israel. A divulgação do vídeo obrigou o exército israelense a recuar e admitir que seus soldados haviam errado ao abrir fogo contra o grupo de socorro em emergências. Na noite de sábado, um oficial das forças de defesa israelenses (IDF) informou os jornalistas que os soldados haviam disparado anteriormente contra um carro com três membros do Hamas. Questionado sobre o fato de os paramédicos terem sido enterrados em uma vala comum, e seus corpos cobertos com areia, o oficial israelense disse que foi para evitar que animais selvagens ou cachorros se alimentassem dos restos mortais dos 15 socorristas. Os veículos foram removidos do local, no dia seguinte, para liberar a estrada, acrescentou. O caso provocou uma onda de indignação de agências da ONU, ONGs internacionais de defesa dos direitos humanos e governos. Fonte: Site Instituto Humanitas Unisinos Matéria Completa: Acesse Aqui

ECONOMIA – Super-ricos aprofundam a desigualdade e colocam a democracia em perigo. Entrevista especial com Pedro Abramovay

Para o advogado a alternativa para as encruzilhadas sociais, políticas e ambientais que vivemos passa por combater a insuportável desigualdade que caracteriza os tempos de hoje Entre o final dos anos 1970 e 2008, quando houve a grande crise financeira internacional, o neoliberalismo viu sua curvatura ascendente como grande paradigma econômico, político e social. De lá para cá, o que se sucedeu foram sempre posturas ainda mais reativas a qualquer avanço social promovido pelo Estado, capturando-o em favor do sistema financeiro mundial. Hoje vivemos a aceleração radical disso com consequências políticas concretas em relação às populações vulnerabilizadas. “A partir de 2008, com a crise financeira global, passou a ficar cada vez mais difícil defender a ideia de que era possível gerar prosperidade com um estado mínimo. Mas o debate se intensificou com a emergência da China como uma superpotência global, valorizando um modelo de desenvolvimento no qual o Estado tem um papel enorme na definição das prioridades do país e na implementação de políticas industriais”, pondera Pedro Abramovay, em entrevista por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Na contramão de um discurso ainda hegemônico que se deve reduzir impostor, Abramovay demonstra que o único caminho possível é o contrário. “Reforçar a capacidade dos Estados de arrecadar recursos próprios é o ponto central para que os Estados possam ser soberanos e também para que a democracia possa fazer sentido. Pois tanto um estado mínimo quanto um estado profundamente endividado transformam a democracia em um esforço vazio, afinal a disputa política se dá em torno de uma instituição sem autonomia, sem poder”, propõe. Pedro Abramovay é advogado e vice-presidente de programas da Open Society Foundations. Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, possui mestrado em Direito Constitucional pela Universidade de Brasília e doutorado em ciência política pelo IESP-UERJ. Casos como o de Elon Musk, herdeiro, extremista de direita e bilionário que após a vitória de Trump faturou milhões de dólares em ativos financeiros, são exemplares de como os super-ricos produzem desigualdades insuportáveis. “Claro que o caso mais gritante é o de Elon Musk, o homem mais rico do mundo, que praticamente comprou seu assento no Salão Oval da Casa Branca, nos Estados Unidos. Após décadas de discussão sobre os mecanismos de controle para que o dinheiro privado não pudesse controlar diretamente a política, todos esses mecanismos desabam e vemos o uso do poder beneficiando diretamente pessoas que compraram a acesso a ele”, acrescenta. “A democracia não é um exercício simbólico. É uma forma de se decidir sobre o exercício do poder. As décadas de prevalência do neoliberalismo foram esvaziando o papel do Estado, tanto do ponto de vista decisório (com enorme pressão de organismos internacionais para a adoção de uma agenda ‘consensual’) quanto do ponto de vista de recursos”, sublinha o entrevistado. Fonte: Site Instituto Humanitas Unisinos Matéria Completa: Acesse Aqui