SOCIEDADE – Conselho Mundial de Igrejas acusa Trump de “propor limpeza étnica” em Gaza

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 05-02-2025. O anúncio do presidente dos EUA de expulsar os habitantes de Gaza da Faixa de Gaza para reconstruir a área e transformá-la em uma espécie de “Riviera Maia” no Oriente Médio está ” propondo uma limpeza étnica em larga escala e uma neocolonização da terra natal de dois milhões de palestinos em Gaza”. Foi assim que o Secretário-Geral do Conselho Mundial de Igrejas, Jerry Pilay, foi direto ao responder à proposta de Donald Trump durante seu encontro com o Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Em uma declaração , Pillay insistiu que a proposta “viola todos os princípios aplicáveis ​​do direito internacional humanitário e dos direitos humanos, desrespeita décadas de esforços da comunidade internacional, incluindo os EUA, para alcançar uma paz justa e sustentável para os povos da região e, se implementada, constituiria múltiplos crimes internacionais do tipo mais grave “. “A posição dos Estados Unidos da América como um membro responsável da comunidade internacional foi seriamente prejudicada pela proposta em si, sem mencionar sua implementação real”, enfatizou o reverendo, que critica duramente o anúncio de Trump de que ele “assumirá o controle” da Faixa de Gaza. “Após tantos meses de violência desenfreada, morte, destruição e deslocamento infligidos ao povo de Gaza pelas forças armadas israelenses apoiadas pelos EUA, esta proposta de limpeza étnica do território revela o objetivo final inconcebível deste conflito, há muito buscado por elementos extremistas na política e na sociedade israelense”, disse Pillay, acrescentando que “a proposta do presidente Trump ignora flagrantemente os direitos fundamentais do povo de Gaza, que tem lutado e sofrido por tantas décadas”. “O Conselho Mundial de Igrejas apela ao Presidente Trump para reconsiderar esta proposta vergonhosa e respeitar o direito internacional e a dignidade humana e os direitos do povo de Gaza”, enfatizou o secretário-geral do CMI, que apela a “todas as pessoas de fé e boa vontade para se oporem a esta terrível violação da dignidade humana e do direito internacional”. Pillay pediu que igrejas e comunidades cristãs ao redor do mundo se manifestem por justiça, defendam a proteção das vidas e direitos palestinos e pressionem seus governos a rejeitar quaisquer propostas que facilitem a limpeza étnica e a ocupação permanente. “Que as igrejas sejam firmes em seu testemunho enquanto Cristo nos chama para ficar com os oprimidos e buscar a paz baseada na justiça. Oramos por paz, justiça e respeito por todas as pessoas que sofrem sob a tirania dos poderosos neste mundo.” Fonte: Site Instituto Humanitas Unisinos Matéria Completa: Acesse Aqui

ARTIGO – A FÉ SEM FÉ

A vida, no entanto, nos coloca circunstâncias com certos limites. Aquele jovem em fase terminal que se julgava ateu, desejava acreditar em algo e não conseguia. Preciso ver para crer. Acredite se quiser. Verdade? Construo casas, prédios, fabrico tudo que preciso, para que Messias? (Herodes, filme Mary) A revelação como a manifestação de Deus na história na pessoa de Jesus de Nazaré aconteceu e continua acontecendo. A questão é como foi e continua sendo recebida, interpretada. Para os cristãos o referencial é a fé. O testemunho da adesão e seguimento de Jesus de Nazaré inicialmente não traduz uma fé no seu sentido pleno “ a fé é confiança que não se deixa dissuadir” (JJ, 250). A fé neste aspecto se consolida após Pentecostes. A fé é um dom de Deus, concedido pelo Espírito Santo, e ela se desenvolve à medida que ouvimos a Palavra de Deus e a colocamos em prática. (g.) Como a semente precisa ser alimentada. De fato, o que encontramos na trajetória de Jesus foram situações que expressam fé no poder e na compaixão de Jesus. Nos discípulos há uma manifestação diversificada da fé. Jesus elogia a fé de pagãos, a fé duvidosa dos discípulos. Mostra que é mais qualitativa que quantitativa (grão de mostarda). A arte do impossível (para Deus tudo é possível). Talvez fosse interessante analisar até onde vai a capacidade humana e a capacidade crente. Qual seria o limite entre o natural e o espiritual. Por exemplo, muitas decisões religiosas são a partir da fé ou da vontade política? A vida, no entanto, nos coloca circunstâncias com certos limites. Aquele jovem em fase terminal que se julgava ateu, desejava acreditar em algo e não conseguia. Parece que, quando o limite humano chega, a ânsia do limite eterno começa. Entre os muros sem saída, o salto da fé nos lança fora. Entre o primeiro choro e no último suspiro, pela fé, seguro na mão de Deus. A firmeza, a consistência, a confiança em Jesus de Nazaré afasta qualquer medo e nos lança para o salto no escuro, que se transforma em luz eterna. Fortaleza, 15.01.2025 Ozanir Martins Silva

ARTIGO – A MISSÃO DA IGREJA

“Todos devem cooperar na dilatação e incremento do Reino de Deus no mundo. Por essa razão, os leigos, diligentemente, procurem um conhecimento mais profundo da verdade revelada e, insistentemente, peçam a Deus o dom da sabedoria” (LG nº 35). Já o Papa Paulo VI, em Evangelii Nuntiandi, afirmava: “Nunca haverá evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados” (nº 32). Todos somos mediadores, cooperadores na dilatação e incremento do Reino de Deus no mundo. Ou seja, a missão da Igreja é anunciar o mistério de Jesus de Nazaré. De onde vem esta missão? Para onde vai? Qual o objetivo? A quem é dirigida? O Filho foi enviado pelo Pai para espalhar o amor divino pelo mundo. O Filho na sua vida histórica cumpre este mandato anunciando o Reino de Deus, que significa uma ação concreta de transformação da realidade para o horizonte do bem, da verdade, do amor que expressam as características divinas. Os evangelhos são narrativas que testemunham as experiências vividas do Evangelho – Jesus Cristo. Esses testemunhos são a âncora da fé cristã que prossegue na vida eclesial. O texto recomenda que os cristãos devam ter um melhor conhecimento da verdade revelada, inteligência da fé, que poderíamos acrescentar inteligência do amor, da justiça e da misericórdia. A vida eclesial deve ser a atualização do testemunho de Jesus Cristo, ou seja, como vender o produto Jesus Cristo. De maneira genérica existe uma fé em Jesus Cristo, mas para muitos não convence. A história de Emaús (LC: 24,15) é paradigma como experiência da presença e do anúncio de Jesus Cristo. Se quisermos conhecer uma pessoa basta olhar o que ela fala e faz (Jaspers). É o que acontece em Emaús. Eles identificam o Mestre pela fala (aquecia o coração) e pelo partir do pão (tirou o véu do mistério). Isto chega até nós. Temos uma história construída pelo que vimos e ouvimos. É interessante rever nossas narrativas. De como repassamos o recebido e pensar no a ser transmitido. Devemos olhar o nosso lugar de fala. Eu falei muito. Quantos sermões, reflexões, palestras, conselhos, retiros, celebrações e quantos feitos de solidariedade, de compaixão, de carinho, força junto dos fracos, esmorecidos da vida. Todo o nosso potencial estava voltado para uma missão. Esta tomou características comunitárias e depois se direcionou para um serviço específico, no sacramento da família. Ao mesmo tempo, que diz o texto, contamos com o dom da sabedoria, que foi a força do Espírito Santo. Penso que a missão da Igreja é continuar o anúncio de Jesus Cristo por meio de palavras e ações, ou seja o testemunho da experiência originante da fé e da Igreja, o mistério pascal: o morto e ressuscitado, ou ainda, as palavras e ações de Jesus Cristo. Assim, o caminhar da Igreja não é um caminhar triunfante, dominante, mas um caminhar ouvinte (dos gritos e gemidos de dor, fome dos maltratados, excluídos, dos humilhados), um caminhar solidário com os irmãos que sofrem o racismo estrutural, a discriminação racial, o desconforto das opções de gênero. (Não é sem razão a defesa dos direitos humanos feita por um ativista, preso, que recebe o Nobel da Paz – Ales). “A vida se torna um caminhar com profundo sentido, não porque nós cristãos já tenhamos soluções para tudo, mas porque, objetivamente, conhecemos a direção para a qual nos movemos: o Reino de Deus; nos colocamos a serviço da vida” (Jon Sobrino).   Questões: 01. Conhecemos as propostas concretas da igreja local sobre o mês missionário? 02. O MFPC deve ter um projeto coletivo para a vida missionária, ou, as experiências sejam particularizadas?   Fortaleza, 21.10.2022 – Ozanir Martins Silva