INTERAÇÕES HUMANAS – Quem são os responsáveis por projeto que oferece dinheiro para escanear as íris das pessoas

A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), vinculada ao Ministério da Justiça, afirmou que instaurou um processo para investigar a iniciativa. Empresas têm promovido o escaneamento de íris em troca de dinheiro em São Paulo. O objetivo, segundo os responsáveis pela iniciativa, é oferecer às pessoas uma forma de “diferenciar interações humanas reais daquelas impulsionadas por inteligência artificial”. A íris é única e a detecção tem sido feita pelo projeto World, comandado pela Fundação World, uma organização sem fins lucrativos com sede nas Ilhas Cayman, e pela Tools For Humanity (TFH), empresa de tecnologia global com sede em São Francisco, nos Estados Unidos. As instituições são comandadas por Alex Blania e Sam Altman, que também é CEO da OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, chatbot de inteligência artificial lançado em 2022. Ele é apoiador do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e doou US$ 1 milhão para sua campanha. Altman chegou a ser demitido do conselho diretivo da OpenAI em novembro de 2023, mas voltou ao posto no mesmo mês. Blania, CEO da TFH, é formado em física e engenharia industrial pela Universidade de Erlangen-Nuremberg, na Alemanha. Ele estuou inteligência artificial durante seu mestrado Instituto Max Planck e como pesquisador no Instituto de Informação e Matéria Quântica da Cal Tech. Além do projeto para escaneamento de íris, Blania também está por trás do criptoativo worldcoin, um dos segmentos do projeto World. Sam Altman, CEO da OpenAI. Foto: Jason Redmond/AFP A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), vinculada ao Ministério da Justiça, afirmou que instaurou um processo para investigar a iniciativa. A autarquia afirma que dados biométricos, como a íris, são informações sensíveis e pediu explicações à Fundação World e à TFH. A iniciativa tem oferecido uma média de 48 worldcoin, uma criptomoeda que pode ser convertida em reais, para quem permitir o escaneamento da íris. Algumas pessoas relatam que já sacaram até R$ 700 após liberarem os dados biométricos. Fonte: Site Diário do Centro Mundo Matéria Completa: Acesse Aqui
MUNDO – Donald Trump e os Estados Unidos que virão

Neste quarto de século, um século que – para citar novamente o Pontífice – está marcando uma “mudança de época” ainda mais do que “uma época de mudanças”, as forças das grandes potências econômicas, políticas e militares do planeta também se remodelaram. Um editorial do jornal L’Osservatore Romano enfoca os desafios mais urgentes que aguardam o novo presidente dos EUA poucas horas antes da cerimônia de posse. Para o ocupante da Casa Branca, será crucial se esforçar para superar as polarizações que há anos marcaram a vida política estadunidense. Os Estados “desunidos” da América seriam de fato um sério perigo para um mundo já dividido e fragmentado. Não, a história “não terminou” com a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética. O que havia sido uma ilusão de alguns cientistas políticos e expoentes políticos no final do século passado acabou se revelando dramaticamente errado. Afinal, isso já havia sido entendido no início do século XXI com o evento “impensável” do ataque terrorista às Torres Gêmeas, que provocou um despertar sombrio para aqueles que imaginavam uma era de estabilidade mundial sob a bandeira da economia liberal. Nos mais de 30 anos que se passaram desde aquele dia histórico em que, junto com o Muro, desmoronou também um dos sistemas totalitários mais liberticidas da história, a humanidade vivenciou um número cada vez maior de conflitos que passaram de locais a regionais, até assumirem o perfil angustiante do que, com precisão profética, o Papa Francisco vem chamando há anos de “Terceira Guerra Mundial em pedaços”. Portanto, a história está longe de terminar. Neste quarto de século, um século que – para citar novamente o Pontífice – está marcando uma “mudança de época” ainda mais do que “uma época de mudanças”, as forças das grandes potências econômicas, políticas e militares do planeta também se remodelaram. Hoje vivemos em um mundo multipolar que torna a busca por acordos, especialmente em situações de crise, mais complexa e menos linear. No entanto, este é o mundo em que vivemos, e o princípio da realidade exige que todos os líderes (especialmente aqueles com maior poder) percebam que os grandes desafios de nosso tempo devem ser abordados com novos paradigmas, com a criatividade que rejeita a atitude do “sempre foi feito assim”. É nesse contexto histórico que, na próxima segunda-feira, Donald Trump jurará, pela segunda vez, defender a Constituição dos Estados Unidos e servir ao povo estadunidense. Um evento, como já foi amplamente dito e escrito, que tem características que são, em muitos aspectos, sem precedentes e que é visto com esperança e preocupação porque não escapa a ninguém – mesmo em um mundo onde não há mais uma única superpotência – o quanto os Estados Unidos ainda podem influenciar a dinâmica política e econômica internacional. O presidente eleito Trump declarou várias vezes que trabalhará para pôr fim à guerra na Ucrânia. Ele também afirmou que, sob sua presidência, os EUA não se envolverão em novos conflitos. Resta saber qual será sua atitude em relação aos órgãos internacionais. A imigração, o meio ambiente e o desenvolvimento econômico (cada vez mais impulsionado pela tecnologia) estão entre as principais questões sobre as quais o 47º inquilino da Casa Branca será observado de perto não apenas pelo povo estadunidense, mas por toda a comunidade internacional. Historicamente, os Estados Unidos da América tiveram seu melhor desempenho quando se abriram para o mundo (as Nações Unidas são, afinal, “uma invenção estadunidense”) e, juntamente com seus aliados, construíram um sistema que – com as limitações de todos os esforços humanos – garantiu a liberdade, o desenvolvimento econômico e o progresso dos direitos humanos. Isso ocorreu com presidentes republicanos e com presidentes democratas. Um país voltado para si mesma seria, portanto, algo sem sentido. O presidente Trump está sendo chamado a trabalhar para superar as divisões e polarizações que caracterizam a vida política estadunidense há anos e que tiveram na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 uma das datas mais tristes da história nacional. É uma tarefa difícil, sem dúvida. No entanto, é uma tarefa necessária para o novo governo. Pois os Estados “desunidos” da América seriam um grave perigo para um mundo já dividido e fragmentado. Fonte: Site VATICAN NEWS Matéria Completa: Acesse Aqui
ARTIGO – RELATIVIZAR O QUE É RELATIVO
A Igreja Católica tem sérias dificuldades para se adaptar aos tempos e isso não é novidade para ninguém. Carregando nas costas uma história de vinte séculos, essa instituição que preserva uma comunidade com uma missão, passou por realidades e tempos que sequer conseguimos imaginar. No entanto, o desafio parece aumentar nos últimos decênios, pois a velocidade com a qual as mudanças acontecem é algo que a Igreja nunca enfrentou. Em um momento em que o Papa pede uma conversão sinodal de toda a instituição e de seus mecanismos caducos, uma questão precisa ser enfrentada com seriedade e realismo: a crise nas vocações. Poucas são as igrejas particulares (dioceses) que possuem abundância de vocações. Realidades como partes da África e da Ásia ainda estão bem nutridas de vocações, mas não se pode dizer o mesmo da velha Europa, nem da América Latina. Uma parte considerável da vida religiosa parece estar entrando no ocaso de sua existência. Comunidades formadas por idosas e idosos. Imensos seminários e conventos vazios. Províncias se fundindo para que as forças que restam possam dar conta das estruturas que foram sendo construídas ao longo de seculares histórias. A vida consagrada feminina sangra ainda mais que a masculina, pois a mulher nunca teve um lugar preciso na estrutura da Igreja. O grande jardim da Igreja está em pleno inverno! Contudo, as dioceses e seus padres também começam a sentir o peso de um mundo que caminha sem olhar para trás. Dioceses europeias, outrora imensas exportadoras de missionários pelo mundo, estão com um clero envelhecido e com paróquias vacantes. O Brasil já começa a sentir a força desse mesmo processo. Em primeira pessoa falo pela diocese de onde sou oriundo. No passado chegamos a ter tantas vocações à vida presbiteral que chegamos a oferecer seminaristas para outras dioceses menores. Padres foram enviados em missão por todo o país. Bispos foram ordenados para pastorear outras dioceses. Hoje parece que a fonte começou a secar. O sul do Brasil, que considerava a si mesmo como um “celeiro vocacional” sente o inverno eclesial a nível vocacional bater à porta. Explicações? Talvez tantas. Pode-se culpar a secularização? Em partes, mas não se pode dar toda a culpa a ela. Secularização em sentido positivo é colocar as esferas civil e religiosa em seus devidos lugares, sem intromissões e interdependência. Foi graças a uma salutar secularização que os fanatismos do passado deixaram de fazer vítimas. Então, como entender esse período na vida da Igreja? Bom, a sociedade atual oferece uma série de oportunidades aos jovens que antes não existiam. O acesso à educação e a uma qualificação profissional faz com que a maioria dos jovens sequer cogitem a possibilidade de pensar na vida presbiteral. As famílias cada vez menores encaminham os filhos para destinos profissionais “brilhantes”, garantindo ao fim do ensino médio o ingresso imediato na universidade. Além de que o crescimento do fundamentalismo religioso católico afasta da religião os jovens humanamente saudáveis e com cabeças arejadas intelectualmente. É uma crise. A crise, no entanto, denuncia que existe vida, como recorda o Papa Francisco. Somente um organismo vivo pode ter febre. A questão é como curar a doença. Particularmente penso que essa crise não é ruim em si mesma. Antes, pode ser um sinal claro de Deus para que a Igreja mude. A Igreja demora a relativizar estruturas históricas defasadas. Basta pensar que os seminários, tomadas as devidas proporções, permanecem como foram pensados na sua origem, no Concílio de Trento (1545-1563). Retirar os jovens do convívio familiar e comunitário e os manter por anos dentro da estrutura de seminários, provavelmente é uma maneira de formação destinada a cair por terra. A ideia do presbítero como um profissional do sagrado, dedicado integralmente à Igreja, também pode ser algo assustador para as novas gerações. A obrigatoriedade do celibato e a impossibilidade de homens casados terem acesso à ordem presbiteral é outro sério empecilho a ser estudado. O peso administrativo e decisório que se deposita nas mãos dos padres também é parte de um passado muito mais ligado a Constantino e aos velhos feudos que ao Evangelho de Jesus. E tudo isso é relativizável! Tenho esperanças que a Igreja enfrente a crise de forma adulta, abandonando o que é caduco e se deixando conduzir pelos caminhos que o Espírito sugere. É possível que eu não veja as mudanças necessárias que trarão a primavera a esse imenso jardim. Porém, sei que elas virão, cedo ou tarde. Pe. Leonardo Lucian Dall’Osto
ARTIGO – O PRINCÍPIO MISERICÓRDIA
Uma pessoa amiga me falou que estava cansada de fazer empatia, colocarse e assumir os problemas dos outros. Terminava sofrendo e sem saber o que fazer. Outra pessoa me informava que ouvia os problemas dos outros e voltava a questão perguntando o que ela pensava em fazer e o por que não fazia. Alguém me contou que andando a noitinha por uma estrada deserta viu alguém caído. Pensou em parar o carro, mas temeu, talvez fosse uma simulação, um assalto. Outra pessoa em situação semelhante parou, verificou que a pessoa fora assaltada, prestou os primeiros socorros, levou para uma clínica e disse que qualquer despesa a mais ela pagaria. (o bom samaritano). O nosso país é um país de humilhados: primeiro por um racismo estrutural, e histórico. Depois pela situação de carências econômicas na moradia, alimentação, educação, saúde, discriminação de gênero, etnias. Mas, o pior é que quem discrimina é indiferente ao problema ou diz que a população é a responsável por esta situação. É muita humilhação. Aqui entra Jesus de Nazaré como um salvador da situação. Ele não possui uma receita mágica, mas o projeto do Pai de tirar o pecado do mundo. (Falta de amor). Foram várias as situações encontradas por ele e também várias soluções: multiplicar pães e peixes, curar aleijados, cegos, endemoniados, mudar água em vinho. Ele é movido pela misericórdia. Afinal, quem é esse Jesus de Nazaré? É o Messias, o Filho de Deus, O Divino que se faz humano, filho de Maria, o servo sofredor, o crucificado, o ressuscitado. Se fôssemos procurar uma síntese de Jesus de Nazaré: “Aqui queremos propor que o princípio que nos parece mais estruturante da vida de Jesus é a Misericórdia; por isso deve ser também da igreja.” (Sobrino, Jon 36, A misericórdia, Vozes, 2020). “O Princípio Misericórdia é entendido como o amor específico que está na origem de um processo, presente e ativo ao longo dele, dá-lhe determinada direção e configura os diversos elementos dentro do processo.” (idem,37). Ou seja, sente, internaliza a dor, verifica as causas e lutas contra as injustiças dos opressores, desumanizadores e chega à alegria da vitória, da libertação da falta de amor, do pecado. Provoca a humanização, a descida da cruz. Haja misericórdia! Fortaleza, 10.01.2025. Ozanir Martins Silva
ARTIGO – SETE BREVES TESES SOBRE VERDADE E MENTIRA
O caminho da verdade é lento, mas sempre termina por prevalecer. Ainda que rápida, a mentira tem pernas curtas e pouco fôlego. É muito cedo para concluir que a extrema direita voltará ao poder em 2026. O brilho do fogo das aparências é enganador, efêmero, como a palha levada pelo vento. Os artifícios da extrema direita, de falsificação da história e de destruição da memória, não podem resistir à força ontológica da verdade. Como escreve Bonhoeffer numa de suas cartas: reclamar o futuro para si, jamais entregá-lo ao inimigo. Enquanto houver a resistência dos justos, haverá esperança, porque o futuro pertence a quem não se demite do presente. *José Alcimar de Oliveira é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas, teólogo sem cátedra, segundo vice-presidente da ADUA – Seção Sindical e filho do cruzamento das águas dos rios Solimões (em Manacapuru – AM) e Jaguaribe (em Jaguaruana – CE). Janeiro do ano de 2025.
SOCIEDADE – Capitalismo: quem são os novos titãs

No dia da posse de Trump, vale examinar os megafundos que agora controlam a riqueza do Ocidente. Quem são. Como manejam o equivalente a 8,5 vezes o PIB dos EUA. Peter Phillips escreveu um livro que mais parece um relatório de pesquisa, e que é de uma prodigiosa utilidade: em vez de ilustrar as suas opiniões, ele nos dá ferramentas para entender como todo o processo de acumulação do capital se deformou, gerando a convergência das catástrofes da desigualdade e da destruição ambiental. Ao detalhar como as coisas efetivamente funcionam no topo da pirâmide do poder econômico – e, portanto, do poder político, Phillips põe em nossas mãos uma excepcional ferramenta de trabalho. Quem lê os meus trabalhos sabe que eu não sou muito pródigo em flores, mas neste caso, os dois dias que gastei em ler este pequeno livro me deixaram entusiasmado. E como as traduções demoram a aparecer, recomendo a todo o nosso pequeno mundo que se interessa por entender a zona econômica que vivemos, que comprem o livro em inglês mesmo. Nada de complexo nesta escrita. Para já, pensando nas pessoas que têm dúvidas sobre a nossa dependência do poder econômico global, tema central deste livro, vou só apresentar este gráfico, que não está no livro, mas que ilustra este tema no Brasil. O nome BlackRock é pouco familiar para as pessoas no Brasil. Lembremos que em 2024 essa empresa gestora de ativos (fortunas) administra um pouco mais de 10 trilhões de dólares. O presidente americano Joe Biden administras 6 trilhões, orçamento federal dos Estados Unidos. Vejam no gráfico acima para onde essa corporação estende os seus drenos no Brasil, isso que ela se encontra em inúmeros países. Empresas chave da economia brasileira têm os seus interesses ligados à BlackRock, cujo objetivo não é produzir nada, é apenas drenar dividendos, e o máximo possível, como vimos no caso da Petrobrás, elevando os preços para aumentar os dividendos, um dreno amplo sobre toda a população, a chamada profit inflation, inflação gerada por elevação de lucros. O preço que você pagou a mais no botijão de gás ou no posto de gasolina foi para pagar dividendos. Bastam participações acionárias limitadas para colocar as empresas ao seu serviço, ou seja, maximizar dividendos para acionistas, os que hoje chamamos de “proprietários ausentes”, absentee owners. Isso é a realidade da indústria dita nacional. Não tenham dúvida de que quando os diretores da Samarco ou da Vale tiveram de optar entre consertar as barragens ou aumentar os dividendos, optaram pelos dividendos, e os bônus correspondentes para eles mesmos. Privatizar, ou seja, abrir as portas para acionistas internacionais, é também desnacionalizar. Isso para situar o mecanismo que permite aos gigantes financeiro no topo drenar recursos da base da sociedade em escala mundial. Fonte: Site Outras Palavras Matéria Completa: Acesse Aqui