SOCIEDADE – Esperança em tempos de escuridão. Editorial do National Catholic Reporter
Suportaremos Donald Trump e seus bajuladores. Seu tempo passará. Infelizmente, ele causará danos significativos. No entanto, podemos, de fato, devemos, limitar esses danos por meio de nossa determinação incessante. O incompetente, desonesto, divisivo e autoritário Donald J. Trump foi novamente eleito presidente dos Estados Unidos. Com o tempo, volumes de livros tentarão explicar esse colossal lapso de julgamento. Mais cedo serão exploradas as terríveis consequências dessa eleição para nossa nação, a família humana mais ampla e o planeta. Por enquanto, enquanto embarcamos em uma jornada desconhecida, não temos tempo para autopiedade ou raiva debilitantes. Livremo-nos dessas tentações em prol da saúde individual e coletiva. Precisamos de equilíbrio e integridade para seguir em frente enquanto protegemos os mais vulneráveis. Precisamos de acuidade mental para decidir como apoiar uns aos outros e às instituições democráticas da nossa nação. Não somos os primeiros a enfrentar tal escuridão; agora nos juntamos a inúmeros outros vivendo vidas incertas em meio à turbulência política. Podemos aprender com eles, primeiro tomando aprendendo com eles e sabendo que nada está garantido e com eles e com resto da família humana compreender e saber melhor como manter a fé, construir coragem e sustentar a resiliência e a resistência. Precisamos uns dos outros mais do que nunca para evitar dúvidas e nos apegarmos aos princípios de justiça, decência e verdade. Então, quão grande é essa comunidade da qual precisamos desse encorajamento? Ela é global, atravessa culturas, raças e religiões e alcança gerações passadas. Donald Trump, presidente dos Estados Unidos da América Precisamos de esperança. Esperança gera esperança. Lembre-se, somos pessoas de esperança. Crescemos em esperança ao abraçar a interdependência e a conexão, apoiando-nos uns nos outros quando vacilamos e oferecendo uma mão quando vemos a necessidade. Nossa esperança não está enraizada em algum otimismo passageiro, mas nas verdades duradouras de nossa fé fundamentadas nos Evangelhos, que ensinam o amor sem limites e a crença central de que a escuridão não tem a última palavra. Considere este ditado tibetano: “A tragédia deve ser utilizada como uma fonte de força.” A dor convida ao propósito. Deixado sem atenção, o desespero paralisa. Com propósito, ele pode se tornar uma força poderosa para a mudança. Precisamos canalizar nossas lutas internas para a ação externa. Sim, temos fardos adicionais, mas sim, temos novos chamados. O sobrevivente do Holocausto Elie Wiesel demonstrou uma resiliência notável ao confrontar o mal e a injustiça. Ele escreveu: “Nunca esquecerei aqueles momentos que massacraram meu Deus e minha alma.” Apesar da dor inimaginável, Wiesel se tornou um defensor incansável da justiça, da paz e da dignidade humana. Ele nos ensinou que, durante os momentos mais sombrios, sempre temos uma escolha: deixar nossa dor nos consumir ou nos levar adiante. Seguindo em frente, damos voz àqueles que não podem falar por si mesmos. Fonte: Instituto Humanitas Unisinos Matéria Completa: Acesse Aqui
ARTIGO – O ENCONTRO EM ROMA: EXPECTATIVAS E VOZES SILENCIADAS
Quando a Fé nos convoca a um compromisso verdadeiro, ela também nos desafia a confrontar nossas próprias indagações e anseios. O Encontro em Roma, marcado pelo Sínodo da Sinodalidade, levantou grandes expectativas, especialmente entre aqueles que vislumbram mudanças profundas e necessárias na vida eclesial. A Federação Latino-Americana de Padres Casados, por exemplo, enviou ao cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, uma carta propondo uma revisão corajosa do celibato clerical, uma questão que atravessa séculos de tradição e se embrenha nas vivências e desafios dos próprios sacerdotes. O clamor destes padres é um convite à Igreja para que reflita sobre o valor do ministério presbiteral que abraça tanto o serviço quanto a vida conjugal. Eles não pedem a eliminação do celibato, mas sim a liberdade para que ele seja opcional, uma vez que acreditam que essa possibilidade poderia enriquecer e fortalecer o testemunho cristão. Contudo, a resposta de Grech, mesmo demonstrando apreço, reflete o aparente bloqueio institucional à inclusão de vozes divergentes no debate sinodal, mantendo a composição dos participantes restrita aos mesmos que participaram do encontro anterior. As limitações impostas pela hierarquia levantam uma questão incômoda: o quanto realmente estamos abertos a acolher as inquietações que emergem da própria base da Igreja? A insistência na manutenção de práticas que, embora sagradas, não são dogmas, reflete uma resistência à pluralidade que contradiz a proposta sinodal de diálogo e de busca de novas perspectivas. Afinal, o que se espera da sinodalidade, senão o encontro das diferenças e a escuta mútua para o crescimento comum? De maneira significativa, o Cardeal Grech menciona que “o Senhor sabe fazer presente o clamor na sala do Sínodo”, uma metáfora que oferece certo alento, mas também deixa entrever uma inquietante conformidade com a ausência de vozes na prática. Pois a Igreja não é apenas uma estrutura hierárquica; ela é feita do corpo vivo dos fiéis, que anseiam por uma instituição capaz de dialogar abertamente com as realidades de todos os seus membros, e não apenas dos que ocupam lugares de autoridade. A questão dos padres casados, tão antiga quanto a própria Igreja, remonta aos primórdios do cristianismo e, ironicamente, ainda hoje é vista como uma inovação ou como uma ameaça ao status quo eclesial. No entanto, o verdadeiro desafio reside em resgatar a autenticidade do serviço pastoral, reconhecendo que a prática do celibato compulsório pode afastar muitas vocações e dificultar o exercício ministerial para quem sente o chamado ao matrimônio. Assim, o encontro de Roma torna-se um reflexo da expectativa frustrada, pois, embora muitos tenham enviado suas contribuições, parece que o diálogo permanece em níveis superficiais, longe do impacto que poderia ter nas transformações necessárias. Mais do que nunca, a Igreja é desafiada a responder se a sinodalidade será apenas um exercício de escuta ou um caminho real para a mudança. Para muitos, o caminho é claro: que a Igreja atenda ao chamado daqueles que, ainda que vivendo no anonimato, desejam servir ao Evangelho de forma íntegra e autêntica, sem abdicar de sua vocação matrimonial. O Encontro em Roma, portanto, é apenas mais um capítulo de uma história em busca de sentido, onde o verdadeiro poder está na coragem de fazer perguntas e não temer as respostas. Que a fé continue a ser um encontro vivo com a verdade, onde todos possam ter voz e, enfim, serem escutados.
ARTIGO – HISTÓRIA DA CULTURA – DIA DA CULTURA
a) A história da cultura se identifica com a história da raça humana. E esta é uma sequência de desdobramentos da relação do homem consigo mesmo, com o outro e com o mundo. “A raça humana é única entre todas as espécies animais, devido ao progresso realizado de então até hoje” (Ruth, 223). Isto pelo fato de o ser humano ter passado por um processo de evolução biológica que se desdobra no ser consciente e espiritual. Por isso ele foi capaz de enriquecer sempre mais seu modo de vida pela invenção e aprendizagem. A história da cultura nos revela o crescimento da capacidade humana de criar. Ela é como a base indicativa dos estágios passados pela humanidade. Ela decifra o ser humano. É a marca do humano. Revela suas características e identidade. “O elemento humano tem direito a uma só grande presunção: a ilimitada capacidade de inventar e aprender” (idem, 124). b) Assim, a cultura emerge com o aparecimento da primeira raça humana. Ela surge num ambiente natural, mas na hora que ela interfere e cria um ambiente diferente, humanizado, em que deixa a sua marca cultural. O homem é um ser de relações. Por estas relações ele vai construindo a história da cultura, ou seja, vai transformando a natureza para atender às suas necessidades. c) A relação do homem com a natureza se dá por um processo adaptativo mediante o trabalho. Para isto ele sempre está criando soluções para seus problemas. As soluções vão desde instrumentos manuais até tecnologias avançadas. O que caracteriza o trabalho material vai especificando a cultura material. Mesmo partindo de necessidades e soluções diferentes, emerge a nível de consciência global padrões unificadores e reguladores de significados consensuais da cultura. É o que caracteriza a configuração cultural. d) A relação do homem com os outros cria padrões éticos de reconhecimento e respeito. O domínio dos bens produzidos pelo trabalho em algumas situações cria relações igualitárias, noutros casos os níveis são desiguais. Com o avanço das revoluções tecnológicas, por causa do excesso de produção, começa o processo de dominação das relações sociais. Consequentemente a cultura começa a se diferenciar. e) A sustentação ideológica tende a filtrar os elementos básicos de comunicação, ou mesmo dogmatizar posições para justificar as relações do homem com os outros e com o mundo. Essa interpretação da atividade humana tende a identificar o característico de cada grupo humano. Ao mesmo tempo favorece o intercâmbio cultural a níveis de progresso. Deste modo, a dinâmica do processo cultural é entendida como positiva porque a torna exposta e acessível.