SOCIEDADE – Não existe a história da Igreja e história secular, o que existe é a história humana. Um depoimento autobiográfico da vida do teólogo Eduardo Hoornaert – Parte II

Nesta parte de seu texto, o teólogo belga fala sobre personagens marcantes em sua trajetória profissional, quando deixou a batina para se casar e como tudo isso impactou no seu modo de compreender o Evangelho Esta é a segunda parte do depoimento autobiográfico de Eduardo Hoornaert, cuja primeira pode ser lida aqui. Neste trecho o teólogo e historiador da Igreja, ou melhor dizendo, da humanidade, projeta um olhar lancinante sobre personagens marcantes de sua vida na América Latina, na segunda metade do século XX. Figuras como Enrique Dussel, José Comblin e Dom Helder Câmara, ganham passagens especiais neste texto. Muitas transformações e amadurecimentos marcaram o seu próprio fazer historiográfico e sua atuação como professor. Isso passa, por exemplo, por compreender que, no fundo, não há uma história da Igreja e outra história secular, mas, simplesmente, uma história da humanidade. Seu trabalho com artistas visuais e poetas também ganham capítulos importantes na narrativa. Para ele, os artistas populares são os verdadeiros intelectuais do povo. “Eles se mostraram capazes de traduzir em termos populares tudo o que nós [os teólogos] tínhamos de intuições, estudos e posicionamentos, de criar imagens e compor dramatizações. Guardo em casa um pequeno arquivo dessa experiência com poetas populares”, conta. Outro evento marcante na trajetória de Hoornaert é o seu casamento com Tereza Dias e abandono da vida paroquial, embora tenha continuado, por muitos anos, como professor em seminários. A grande lição aprendida com Dom Helder Câmara, uma figura internacionalmente relevante no contexto eclesial e com enorme influência no Vaticano e fundador da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, está distante de qualquer institucionalidade. “O que vai ficar é a mudança de rumo, na vida de Helder, quando ele rompe com a lógica da unanimidade, e opta por trabalhar com minorias”, relata o entrevistado. Eduardo Hoornaert cursou dois anos de Línguas Clássicas e História Antiga e, posteriormente, Teologia, na Universidade de Lovaina. Chegou a João Pessoa, no Brasil, em 1958. Foi professor catedrático em História da Igreja, sucessivamente nos Institutos de Teologia de João Pessoa, Recife e Fortaleza. É membro fundador da Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina (CEHILA), entidade autônoma fundada em 1973, em Quito, Equador. Desde 1962 escreve artigos de cunho histórico para a Revista Eclesiástica Brasileira (REB), da Editora Vozes, na área do catolicismo no Brasil e do cristianismo em geral. Fonte: Instituto Humanitas Unisinos Matéria Completa: Acesse Aqui