Colégio Cardinalício: o que as novas escolhas de Francisco significam para o próximo papa
O consistório surpresa, que será realizado em 8 de dezembro, será, em muitos aspectos, semelhante aos nove consistórios anteriores durante o papado de quase 12 anos de Francisco, com os novos barretes vermelhos sendo concedidos àqueles das periferias, em vez das principais capitais mundiais. No entanto, com a cerimônia ocorrendo apenas nove dias antes de seu 88º aniversário, o mais recente jogo de poder de Francisco garante que o Colégio dos Cardeais — cuja principal função é eleger o próximo papa — agora seja composto majoritariamente por clérigos de sua própria escolha. Dos 21 novos cardeais, 20 têm menos de 80 anos e, portanto, podem votar em um conclave papal. Dom Angelo Acerbi, de 99 anos, serviu no corpo diplomático do Vaticano por mais de 50 anos. Ao longo de sua carreira internacional, ele foi mantido refém por guerrilheiros na Colômbia, ajudou a negociar as relações igreja-estado na Espanha e ajudou a reconstruir a hierarquia católica da Hungria após a queda do comunismo. Ele não poderá votar em um futuro conclave — ou talvez nem esteja vivo para testemunhá-lo — mas este é o chapéu simbólico de Francisco para uma carreira histórica de serviço. No outro extremo do espectro está o bispo redentorista D. Mykola Bychok, o prelado católico grego ucraniano de 44 anos que lidera a Eparquia de São Pedro e São Paulo em Melbourne, Austrália. Ao nomear Bychok cardeal, Francisco agora concede seu primeiro chapéu vermelho a um católico grego ucraniano, optando por ignorar seu primaz, o arcebispo-mor D. Sviatoslav Shevchuk de Kiev-Galícia, que anteriormente criticou algumas das observações do papa sobre a guerra em andamento na Ucrânia. A elevação de Bychok também dará à Austrália seu primeiro cardeal após a morte do cardeal George Pell em janeiro de 2023. No estilo típico de Francisco, a mudança ignora as principais sedes de Sydney e Melbourne, embora os atuais líderes dessas duas dioceses que são mais associados ao falecido Pell, que brigava regularmente com Francisco, nunca tenham sido esperados para receber a honra. Mais surpreendente é a decisão de ignorar o arcebispo salesiano D. Timothy Costelloe, atual presidente da Conferência dos Bispos Católicos Australianos, que tem se envolvido profundamente no sínodo em andamento do papa sobre sinodalidade. Fonte: Instituto Humanista UnisinosMatéria Completa: Acesse Aqui
Europa: As falsas promessas de cooperação com o Sul
Relatório recém-lançado prova: bilhões do Velho Continente em projetos “sustentáveis” e de “erradicação da pobreza” só alimentam suas corporações – e lógicas predatórias. Na periferia do mundo, o novo colonialismo vem disfarçado de altruísmo… O novo colonialismo veste pele de cordeiro. O Global Gateway é uma iniciativa financiada pela União Europeia cujo principal objetivo, diz ela, é promover o desenvolvimento em países do Sul global, com “investimentos inteligentes, limpos e seguros em infraestrutura de qualidade”, nas palavras de Ursula von der Leyen, presidenta da Comunidade Europeia. Promete mobilizar, até 2027, 300 bilhões de euros em investimentos, com ênfase em parcerias público-privado. Mantém projetos em 29 dos 37 países mais empobrecidos do mundo. Seus pilares seriam a “redução e, a longo prazo, a erradicação da pobreza” e a luta contra as mudanças climáticas. Mas um relatório recém-lançado pela Counter Balance, Eurodad e Oxfam escancara a farsa: mais de 60% dos projetos analisados beneficiam diretamente corporações europeias como a Siemens, Moller Group e a Suez. E apenas 16% de todos os projetos do Global Gateway investem em setores-chave para o desenvolvimento em regiões empobrecidas, como Saúde, Educação e pesquisas. A realização da pesquisa, intitulada “Quem lucra com o Global Gateway? A nova estratégia da UE para cooperação para o desenvolvimento”, foi árdua: o direcionamento dos vultosos recursos do Velho Continente “com consciência socioambiental” é opaco. Informações que deveriam ser públicas – como os projetos em andamento, as fontes de financiamento, natureza dos contratos ou avaliações sobre impactos nos direitos humanos e no meio ambiente – estão indisponíveis. O Global Gateway lançou 225 projetos entre 2023 e 2024 – a maioria no setor energia (49%), seguidos pelo transporte (22%) e digital (13%). A estratégia parece clara: o orçamento disponibilizado pela UE busca mais impulsionar seus próprios interesses geopolíticos e econômicos do que uma cooperação real com o Sul – e tudo isso travestido de “nobres intenções humanitárias”. Alguns casos notórios ilustram o modus operandi da espoliação da Global Gateway. No Peru, fomentou um programa de habitação urbana sustentável, por meio dum “generoso” pagamento inicial, mas, ao final, levou famílias inteiras a se endividarem, agravando a vulnerabilidade na região. Em Ruanda, um projeto de hidrelétrica pode levar, ao menos, 4,5 mil pessoas a abandonarem suas casas, além de impactar a agricultura e a pesca. Pesquisas energéticas com hidrogênio, o que requer água em abundância, estão sendo conduzidas em regiões com escassos recursos hídricos na Namíbia, Chile e África do Sul. Na maioria dos países onde atua, a Global Gateway furta-se a investir em infraestrutura – e até abandona projetos onde ela é precária, como ocorreu na Argentina, que receberia investimentos em grandes projetos de energia renovável, descontinuados devido a sua capacidade limitada de distribuição elétrica. Junto a estratégias de dependência financeira, acordos comerciais desiguais e captura de matérias-primas, o Norte agora usa o “altruísmo desenvolvimentista” para aprofundar a dependência na periferia do capitalismo. Fonte: Site Outras Palavras Matéria Completa: Acesse Aqui