ARTIGO – O POBRE DE DEUS (AO PAI FRANCISCO – 04.10.2024)
A primeira vez que visitei Canindé tive uma experiência forte. Neste período eu era assistente espiritual da Juventude Franciscana (Jufra). Tínhamos um jornalzinho chamado o Franciscano e nesta visita aproveitei para entrevistar alguns romeiros. Eles falavam com simplicidade fazendo referência a uma ação divina na vida por intermédio de São Francisco. O título que coloquei no artigo foi Meu São Francisco. Isto porque também eu considerava o santo como parte minha. Assim, naquele dia, no santuário de Assis, conversei com o meu santo. Estou aqui diante de ti. Estou só. Olho para mim e sinto ao meu redor o odor da grandeza daquele pobre. Pobre de si para ser instrumento de Deus. Lendo o livro “O pobre de Deus” de Nikos me deparei com as mais belas reflexões sobre o santo de Assis. Nunca imaginara tanta humanidade, simplicidade, pobreza. Ele mostra um santo extremamente humano até ao ponto que não se julga merecedor da ação divina. Ele se sente pobre de Deus. Assim como se não fosse digno daquela ação divina extraordinária que o marcava. www Para Leonardo Boff ser santo é ser humano. Não fomos criados para ser divino ou demoníaco, mas simplesmente humanos. Não escolhemos ser humanos, mas escolhemos a forma de ser humanos. Além daquilo que é possibilidade (poder) temos também o que é limite. Aqui nos situamos entre o humano e o divino. Nós percebemos como um referencial e ao mesmo tampo estamos diante de outro referencial, o divino. www Penso que Francisco de Assis aprendeu e viveu esta dimensão existencial. Apesar de se sentir pobre de Deus, o poder deste transfigurou o humano de Francisco. Aí foi questão de poder divino que envolve a condição humana. “Fazei-me instrumento de vossa bondade.” www Talvez eu me coloque no ponto de desafio e apelo para o que sonhei um dia: ser um franciscano. O referencial deste ser franciscano foi Francisco de Assis, com aquele odor humano e divino ao mesmo tempo. Penso que este desafio e apelo continuam diante de cada um como possibilidade (poder) possível. A lição foi dada pelo Pobre de Deus. Senhor fazei de mim um pobre de Deus.
ARTIGO – HISTÓRIA DA CULTURA – DIA DA CULTURA
a) A história da cultura se identifica com a história da raça humana. E esta é uma sequência de desdobramentos da relação do homem consigo mesmo, com o outro e com o mundo. “A raça humana é única entre todas as espécies animais, devido ao progresso realizado de então até hoje” (Ruth, 223). Isto pelo fato de o ser humano ter passado por um processo de evolução biológica que se desdobra no ser consciente e espiritual. Por isso ele foi capaz de enriquecer sempre mais seu modo de vida pela invenção e aprendizagem. A história da cultura nos revela o crescimento da capacidade humana de criar. Ela é como a base indicativa dos estágios passados pela humanidade. Ela decifra o ser humano. É a marca do humano. Revela suas características e identidade. “O elemento humano tem direito a uma só grande presunção: a ilimitada capacidade de inventar e aprender” (idem, 124). b) Assim, a cultura emerge com o aparecimento da primeira raça humana. Ela surge num ambiente natural, mas na hora que ela interfere e cria um ambiente diferente, humanizado, em que deixa a sua marca cultural. O homem é um ser de relações. Por estas relações ele vai construindo a história da cultura, ou seja, vai transformando a natureza para atender às suas necessidades. c) A relação do homem com a natureza se dá por um processo adaptativo mediante o trabalho. Para isto ele sempre está criando soluções para seus problemas. As soluções vão desde instrumentos manuais até tecnologias avançadas. O que caracteriza o trabalho material vai especificando a cultura material. Mesmo partindo de necessidades e soluções diferentes, emerge a nível de consciência global padrões unificadores e reguladores de significados consensuais da cultura. É o que caracteriza a configuração cultural. d) A relação do homem com os outros cria padrões éticos de reconhecimento e respeito. O domínio dos bens produzidos pelo trabalho em algumas situações cria relações igualitárias, noutros casos os níveis são desiguais. Com o avanço das revoluções tecnológicas, por causa do excesso de produção, começa o processo de dominação das relações sociais. Consequentemente a cultura começa a se diferenciar. e) A sustentação ideológica tende a filtrar os elementos básicos de comunicação, ou mesmo dogmatizar posições para justificar as relações do homem com os outros e com o mundo. Essa interpretação da atividade humana tende a identificar o característico de cada grupo humano. Ao mesmo tempo favorece o intercâmbio cultural a níveis de progresso. Deste modo, a dinâmica do processo cultural é entendida como positiva porque a torna exposta e acessível.