O tempo para o diálogo inter-religioso

Resultado de imagem para Diálogo interreligioso
Anselmo Borges – 28/12/2017
Foto: JUFRA – CEPI
  • “Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões.
  • Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões.
  • Não haverá diálogo entre as religiões sem critérios éticos globais.
  • Não haverá sobrevivência do nosso planeta sem um ethos (atitude ética) global, um ethos mundial.”
2. A religião tem na sua base a experiência do Sagrado. Crente é aquele que se entrega confiadamente ao Mistério, ao Sagrado, Deus, esperando dele sentido último, salvação.
De facto, as religiões aparecem num momento segundo:
  • são manifestações e encarnações, necessárias e inevitáveis, da relação das pessoas com Deus e de Deus com as pessoas.
  • São mediações, construções humanas e, por isso, têm do melhor e do pior, entendendo-se, também a partir daqui, que o diálogo inter-religioso tem de assentar nalguns pilares fundamentais.

Todas as religiões, na medida em que não só não se oponham ao humano mas, pelo contrário, o dignifiquem e promovam, têm verdade.

Outro pilar diz que todas são relativas, num duplo sentido: nasceram e situam-se num determinado contexto histórico e social e, por outro lado, estão relacionadas com o Sagrado, o Absoluto, Deus.

Estão referidas ao Absoluto, Deus, mas nenhuma o possui, pois Deus enquanto Mistério último está sempre para lá do que possamos pensar ou dizer. Precisamente

  • porque nenhuma possui Deus na sua plenitude,
  • devem dialogar
  • para, todas juntas, tentarem dizer menos mal o Mistério, Deus, que a todas convoca.

Assim, por paradoxal que pareça, do diálogo fazem parte também os ateus e os agnósticos, porque estando de fora mais facilmente podem ajudar os crentes a ver a superstição e a inumanidade que tantas vezes envenenam as religiões.

Resultado de imagem para diálogo inter-religioso

Encontro inter-religioso de Assis

 

Exigência intrínseca da religião na sua verdade

  • é a ética e o compromisso com os direitos humanos
  • e a realização plena de todas as pessoas.

A violência em nome da religião contradiz a sua natureza,que é a salvação. Face a um Deus que mandasse matar em seu nome só haveria uma atitude digna: ser ateu.

Dois princípios irrenunciáveis:

  • a leitura não literal mas histórico-crítica dos Livros Sagrados
  • e a laicidade do Estado, que não deve ter nenhuma religião, para garantir a liberdade religiosa de todos.

Evidentemente, a laicidade não se pode de modo nenhum confundir com o laicismo. De facto, a religião tem de ter lugar no espaço público, pois é uma dimensão do humano e faz parte da cultura.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *