Sobre a Lista do Trabalho Escravo do Brasil

Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA – 25/03/17

Foto: PRBIgualdadeRacial

Criada em 2003, a Lista Suja do Trabalho Escravo era mantida a sete chaves dentro do Ministério do Trabalho. Nesta semana o ministro Alberto Bresciani do Tribunal Superior do Trabalho (TST) derrubou a liminar do Ministro Ives Gandra, que possibilitava ao governo não divulgação dos nomes das empresas e empresários que mantinham escravos trabalhando em pleno século XXI.
A nota publicada é por Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA, 24-03-2017.

Eis a nota.

Nós do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA) realizamos uma pequena síntese deste conteúdo e agora socializamos com você.


Autor: OLMA (2017)

Como podemos perceber, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Paraná lideram a lista dos Estados da Federação com maior número de escravos. Dos 26 estados e o Distrito federal, apenas 7 unidades federativas não são citadas na lista (Alagoas, Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima, Sergipe). Isto nos leva a um primeiro ponto: O trabalho escravo é algo generalizado no Brasil, estando presente em 74,07% do território nacional.

Outro elemento que chama a atenção é o caráter rural do trabalho escravo: todos os estados citados, com exceção de São Paulo, os locais de trabalho escravo são em

  • fazendas,
  • madeireiras
  • e estâncias de pecuárias localizadas em regiões não urbanas.

Em São Paulo, destaca-se particularmente um caráter urbano, referindo-se diretamente a produção têxtil.

Estamos nos referindo a 2.981 pessoas que foram registradas nas esparsas fiscalizações do Ministério do Trabalho durante os últimos 13 anos, aproximadamente. A lista é muito deficitária nos detalhes desta população, não apresenta gênero, idade, ou qualquer outra característica que nos auxilie a traçar um certo perfil


Autor: OLMA (2017)

 

Outro dado curioso da lista é

  • não informar a localidade,
  • nem os donos do maior empreendimento escravocrata registrado no pais.

A Fazenda um canto de Paz não conta com nenhum outro tipo de registro referente a região ou donos, apenas o abismal número de 348 trabalhadores escravizados.

 

Dando Nomes a alguns bois: A lista oferta, com precariedade alguns nomes de escravagistas de poder no Brasil

Emídio Alves Madeira – Fazenda Santa Efigênia (MG)
Ednei Oliveira Gomes – Obra de Mineração Conceição do Mato Dentro (MG)
José Telles de Oliveira Filho – Fazenda Porto Alegre (AC)
Sindi Pará Industrias – Fazenda Água Fria (PA)
Sabaraalcool AS (PR) – Frente de Plantio e corte de cana de açúcar
Dedéa pecuária AS – Fazenda São Sebastião (PA)
Fabiano Neiva Eulálio – Povoado Morrinhos (PI)
União Agropecuária Novo Horizonte – Fazenda um Canto de Paz
Wanderley Bozi – fazenda Novo Pará (ES)

Ao analisarmos a lista daqueles que impunemente aprisionam e obrigam pessoas a trabalhar em regime de escravidão não encontramos o nome de mulheres sequer, dando, sobre as informações prestadas pela lista, um caráter exclusivamente masculino para o escravocrata brasileiro.

Ademais, digitando os nomes na internet com facilidade você poderá encontrar fotos e informações sobre as pessoas citadas na Lista Suja do Trabalho Escravo no Brasil e obviamente, não irá espantar-se ao encontrar

  • vereadores,
  • deputados,
  • grandes empresários,
  • pessoas públicas e conhecidas das colunas sociais,

mas que na verdade deveriam estar nas colunas policiais.

Relatório de: Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA

 

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/566124-sobre-a-lista-do-trabalho-escravo-do-brasil

 

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