Alguns textos de Dom Helder que falam do carnaval
Geraldo Frencken em 21-02-2017
“Meus queridos amigos, um dia, em nosso programa, comentaremos as Canções mais cantadas neste Carnaval de 1978. Há sempre Canções novas e é claro que algumas pegam e ficam… Há Canções que não são esquecidas nunca. As vezes, vêm, de longe, de Carnavais que já se foram…
O Bal Masqué, salvo engano, abriu com “Máscara Negra”, o que não quer dizer que houvesse mais de mil Palhaços no salão…
Ninguém esquece a “ Ó Jardineira ”, “ Sassaricando” e tantas outras músicas que atravessam os anos… Pode causar estranheza que, no meio de tanta gente, agrade tanto o Bloco da Solidão . É que ali, no meio da multidão, não falta quem se sinta só.
“Angústia, solidão
um triste adeus em cada mão
lá vai meu bloco, vai
só deste jeito é que ele sai.
Na frente sigo eu
levo o estandarte de um amor
amor que se perdeu no Carnaval…
Lá vai meu bloco e lá vou eu também
mais uma vez sem ter ninguém
no sábado e domingo,
segunda e terça-feira
e a 4ª feira vem
e o ano inteiro é todo assim…
Por isso quando eu passar
batam palmas pra mim!
Aplaudam quem sorri
Trazendo lágrimas no olhar,
merece uma homenagem
quem tem força pra cantar
tão grande é a minha dor
pede passagem quando sai comigo só,
lá vai meu bloco vai…
Daqui bato palmas a todos os que, de modo aberto ou oculto, pertencem ao Bloco da Solidão, e sorriem trazendo lágrimas no olhar… Gosto muito do Porta Estandarte de Geraldo Vandré :
“Olha que a vida é tão linda
e se perde em tristezas assim.
Desce teu rancho cantando
essa tua esperança sem fim.
Deixa que a tua certeza
se fala do Povo a canção
pra que teu Povo cantando
o teu canto não seja em vão.
Eu vou levando minha vida, enfim,
cantando e canto sim
e não cantava se não fosse assim
levando pra quem me ouvir
certezas e esperanças
pra trocar
por dores e tristezas
que, bem sei
um dia que vem vindo
e que eu vivo, pra cantar
na avenida girando
estandarte na mão pra anunciar!
Ah se eu pudesse! O meu Povo não precisaria esfalfar-se nos 3 dias de Carnaval!
Virá o dia em que a alegria do Povo não será ilusória e passageira como serpentina e confete.
Virá o dia em que não será mais preciso dizer:
“Tristeza não tem fim
felicidade, sim”.
A tristeza acabará…
Dom Helder Camara,
dia 3 de fevereiro de 1978
Texto publicado no http://institutodomhelder.blogspot.com.br/
Postado por Geraldo Frencken em 21-02-2017