Expondo falhas do sistema belga, esta notável organização mostra um caminho para a luta pelo direito à saúde em nosso tempo. Oferece consultas gratuitas – mas também mobiliza por farmacêuticas públicas, abordagem preventiva e locais de trabalho seguros
Como defender – e ampliar – o direito à saúde no século XXI? Em meio a uma nova onda global de precarização e privatização nos sistemas de saúde, essa é uma pergunta a que muitos buscam resposta. Uma das mais instigantes iniciativas de nosso tempo é a da organização belga Médicos para o Povo (MPLP, na sigla em francês), com quem é possível retomar a lição sobre a indissociabilidade entre a mobilização social e popular e a garantia da saúde para todos – um aprendizado histórico que, no Brasil, esteve no centro da conquista do Sistema Único de Saúde (SUS).
Surgido em 1971 oferecendo consultas de graça aos moradores dos bairros operários e fabris da cidade de Antuérpia, o MPLP está longe de se resumir à garantia imediata de cuidados aos que mais precisam. Por incrível que pareça, a Bélgica não possui um sistema público e gratuito de saúde – mas um sistema misto, onde a Previdência ressarce apenas parte dos gastos dos cidadãos com consultas e remédios, o que dificulta o acesso de milhares de pessoas pobres à saúde. “Para combater as doenças, acreditamos que é preciso sair dos consultórios médicos e nos debruçar sobre as condições sociais que deixam as pessoas doentes”, define o portal da organização.
É de autoria do MPLP, por exemplo, a ideia do Instituto Salk da Europa, uma proposta de empresa farmacêutica pública que concentre o desenvolvimento de pesquisas para baratear os preços e ampliar o acesso a medicamentos, orientando-se pelas necessidades da população e não pelo lucro. Além disso, seus 11 centros comunitários de saúde que atendem 25 mil pessoas são operados por equipes multiprofissionais, que integram saúde, ciência e mobilização. “O que queremos mostrar é que é possível organizar a saúde de uma forma acessível, barata, empoderadora e de alta qualidade. Queremos mostrar que existe outro caminho”, defende a médica de família Sofie Blancke, que atua em uma das clínicas dos Médicos para o Povo.
Em entrevista a Outra Saúde, Blancke conta detalhes sobre a história e as ações da organização. Como ela explica, as atividades do MPLP também se estendem à realização de campanhas em defesa da saúde do trabalhador e da redução do preço dos medicamentos, à promoção de uma abordagem preventiva na saúde belga e à condução de pesquisas científicas. Assim, suas clínicas também se tornam “centros de ação pelo direito à saúde”, diz a médica.
Fonte: Site OUTRAS PALAVRAS
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