ARTIGO – ENTRE LIBERDADE E SEGURANÇA

No início todos são inocentes. Nascemos inocentes, puros, livres. Depois perdemos a inocência, a pureza, a liberdade. Aí recuperar e conservar a liberdade será uma luta. Ao contrário da escravidão, a liberdade necessita de segurança. Os laços relacionais adquiridos numa comunidade oferecem
esta segurança.

Bauman mostra isto narrando as histórias de Dântalo e Adão e Eva. Tudo vai bem até eles tomarem decisões. O desejo do poder contaminou e destruiu a inocência original. Buda já alertava que o desejo é um perigo. Devemos ser o que somos. O desejo nos leva para o que sonhamos.

Viviam numa comunidade (paraíso), convívio (festa). Tinham recebido tudo, mas queriam mais. A punição veio em seguida. Viver do próprio trabalho e nunca saciar a fome e a sede. A transgressão afastou do aconchego comunitário, do círculo amoroso, da segurança. Isto custou caro e nunca mais foi recuperada a inocência original.

O referencial para viver a liberdade e a segurança é a comunidade, o círculo aconchegante (Rosemberg,B.24), mas nela deve existir “um entendimento compartilhado por todos os seus membros” (Tonnies,B.15). Tudo indica que a ruptura do círculo amoroso humano do círculo amoroso divino (paraíso bíblico e deuses gregos) se deu no uso da liberdade como busca do desejo do poder. As consequências foram desastrosas.

A sociedade vive no conflito entre liberdade e escravidão, segurança e violência. Como liberdade e segurança são características fundamentais da vida, há uma necessidade urgente da busca do entendimento compartilhado. Isto é possível com a recriação do espírito comunitário, da liberdade solidária, da volta ao círculo amoroso divino.

Fortaleza, 11.02.2025 Ozanir Martins Silva (Nossa Senhora de Lourdes).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *