ARTIGO – A MISSÃO DA IGREJA

“Todos devem cooperar na dilatação e incremento do Reino de Deus no mundo. Por essa razão, os leigos, diligentemente, procurem um conhecimento mais profundo da verdade revelada e, insistentemente, peçam a Deus o dom da sabedoria” (LG nº 35).

Já o Papa Paulo VI, em Evangelii Nuntiandi, afirmava: “Nunca haverá evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados” (nº 32).

Todos somos mediadores, cooperadores na dilatação e incremento do Reino de Deus no mundo.

Ou seja, a missão da Igreja é anunciar o mistério de Jesus de Nazaré.

De onde vem esta missão? Para onde vai? Qual o objetivo? A quem é dirigida?

O Filho foi enviado pelo Pai para espalhar o amor divino pelo mundo. O Filho na sua vida histórica cumpre este mandato anunciando o Reino de Deus, que significa uma ação concreta de transformação da realidade para
o horizonte do bem, da verdade, do amor que expressam as características divinas.

Os evangelhos são narrativas que testemunham as experiências vividas do Evangelho – Jesus Cristo. Esses testemunhos são a âncora da fé cristã que prossegue na vida eclesial.

O texto recomenda que os cristãos devam ter um melhor conhecimento da verdade revelada, inteligência da fé, que poderíamos acrescentar inteligência do amor, da justiça e da misericórdia.

A vida eclesial deve ser a atualização do testemunho de Jesus Cristo, ou seja, como vender o produto Jesus Cristo. De maneira genérica existe uma fé em Jesus Cristo, mas para muitos não convence. A história de Emaús (LC: 24,15) é paradigma como experiência da presença e do anúncio de Jesus Cristo.

Se quisermos conhecer uma pessoa basta olhar o que ela fala e faz (Jaspers). É o que acontece em Emaús. Eles identificam o Mestre pela fala (aquecia o coração) e pelo partir do pão (tirou o véu do mistério).

Isto chega até nós. Temos uma história construída pelo que vimos e ouvimos. É interessante rever nossas narrativas. De como repassamos o recebido e pensar no a ser transmitido. Devemos olhar o nosso lugar de fala. Eu falei muito. Quantos sermões, reflexões, palestras, conselhos, retiros, celebrações e quantos feitos de solidariedade, de compaixão, de carinho, força junto dos fracos, esmorecidos da vida.

Todo o nosso potencial estava voltado para uma missão. Esta tomou características comunitárias e depois se direcionou para um serviço específico, no sacramento da família. Ao mesmo tempo, que diz o texto, contamos com o dom da sabedoria, que foi a força do Espírito Santo.

Penso que a missão da Igreja é continuar o anúncio de Jesus Cristo por meio de palavras e ações, ou seja o testemunho da experiência originante da fé e da Igreja, o mistério pascal: o morto e ressuscitado, ou ainda, as
palavras e ações de Jesus Cristo.

Assim, o caminhar da Igreja não é um caminhar triunfante, dominante, mas um caminhar ouvinte (dos gritos e gemidos de dor, fome dos maltratados, excluídos, dos humilhados), um caminhar solidário com os irmãos que sofrem o racismo estrutural, a discriminação racial, o desconforto das opções de gênero. (Não é sem razão a defesa dos direitos humanos feita por um ativista, preso, que recebe o Nobel da Paz – Ales).

“A vida se torna um caminhar com profundo sentido, não porque nós cristãos já tenhamos soluções para tudo, mas porque, objetivamente, conhecemos a direção para a qual nos movemos: o Reino de Deus; nos colocamos a serviço da vida” (Jon Sobrino).

 

Questões:

01. Conhecemos as propostas concretas da igreja local sobre o mês missionário?

02. O MFPC deve ter um projeto coletivo para a vida missionária, ou, as experiências sejam particularizadas?

 

Fortaleza, 21.10.2022 – Ozanir Martins Silva

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