A reportagem é de António Marujo, publicada por 7MARGENS, 03-02-2025.
Foi uma reunião quase “secreta” de pelo menos 80 cardeais e bispos católicos de todo o mundo. Vieram a Portugal convidados e com viagens e alojamento pagos num dos hotéis mais caros de Portugal, por uma instituição dos Estados Unidos muito crítica das ideias do Papa Francisco. O encontro teve lugar entre 14 e 18 de Janeiro – confirmou o 7MARGENS no local e junto de alguns dos participantes.
A reunião decorreu no Penha Longa Resort, de Sintra, onde um quarto individual para quatro noites nesta semana (de terça a sábado, os mesmos dias em que há três semanas se realizou a iniciativa) custa 1041 euros já com uma “promoção” – e admitindo que, num encontro como este, pode ter sido negociado um preço mais reduzido – mas sem contar com as refeições. A organização e o pagamento é do Acton Institute for the Study of Religion and Liberty (Instituto Acton para o Estudo da Religião e a Liberdade), dos Estados Unidos, que teve no padre Robert Sirico, muito ligado ao Partido Republicano dos EUA, um dos seus fundadores.
Na maior parte, os bispos são oriundos de países pobres e muitos deles não podem viajar senão quando é estritamente necessário ou por convite. Por isso, o Acton oferece-lhes as viagens, estadia e uma ida a Fátima, com a contrapartida de ouvirem intervenções por pessoas que integram todas a estrutura do instituto e que são normalmente muito cuidadosos na forma como falam do Papa, como confirmam bispos que participaram no encontro.
O padre Sirico é um dos que, desde a primeira hora, é muito crítico das ideias sociais do Papa Francisco. Antigo pastor evangélico e padre católico desde 1989, é conhecido por ser um defensor do mercado livre capitalista e da “opção preferencial pela liberdade”, em oposição à “opção preferencial pelos pobres”, defendida por muitos bispos da América Latina. Nisso, aliás, afasta-se do próprio João Paulo II, que defendia essa ideia, bem como a centralidade do trabalhador, perante o capital, nos conflitos laborais.
A iniciativa tornou-se já, nos últimos anos, uma espécie de ritual – no lugar e na data. Este ano, ela contou com um convidado “especial”: o bispo Rolando Alvarez, da Nicarágua, expulso do país pelo regime de Daniel Ortega, depois de meses de prisão, que deu um testemunho sobre a perseguição de que foi vítima, bem como sobre as perseguições que têm sido movidas à Igreja Católica, organizações de defesa dos direitos humanos e a outras instituições da sociedade civil. Um dos últimos episódios, de que o 7MARGENS deu conta, foi o desaparecimento, no dia 29 de Janeiro, de 30 monjas clarissas, cujo paradeiro continua desconhecido.
Fonte: Site Instituto Humanitas Unisinos
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