RELIGIÃO – Entenda como o filósofo alemão Schopenhauer bebeu nas fontes do budismo

Considerado um dos pensadores mais influentes do século XIX, Arthur Schopenhauer
encontrou no budismo inspiração para a busca pela libertação do sofrimento

247 – Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão conhecido por sua obra-prima “O Mundo como Vontade e Representação”, é frequentemente associado ao pessimismo filosófico. No entanto, poucos sabem que suas ideias foram profundamente influenciadas por tradições orientais, especialmente o budismo. Schopenhauer foi um dos primeiros pensadores ocidentais a se interessar seriamente pelas filosofias do Oriente, e sua conexão com o budismo revela um diálogo fascinante entre duas visões de mundo aparentemente distantes.

No início do século XIX, o Ocidente começava a ter acesso a textos e ideias das culturas orientais, graças a traduções e estudos de acadêmicos europeus. Schopenhauer, que já era um ávido leitor de textos filosóficos e religiosos, encontrou nos ensinamentos budistas uma ressonância com suas próprias reflexões sobre a natureza do sofrimento e a busca pela libertação.

Ele não teve acesso direto aos textos budistas originais, já que muitas de suas leituras eram baseadas em traduções e interpretações de estudiosos da época. No entanto, Schopenhauer reconheceu no budismo uma visão profunda e coerente sobre a condição humana, que complementava suas próprias ideias.

Paralelos entre Schopenhauer e o budismo

A natureza do sofrimento:
Tanto Schopenhauer quanto o budismo partem da premissa de que a existência é permeada pelo sofrimento (dukkha, no budismo). Para Schopenhauer, a “vontade” (Wille) é a força cega e insaciável que impulsiona todos os seres, gerando desejo, frustração e dor. No budismo, o sofrimento é visto como uma característica intrínseca da vida, causado pelo apego e pelo desejo.

A libertação do sofrimento:
Schopenhauer propôs que a libertação do sofrimento só poderia ser alcançada por meio da negação da vontade, um conceito que ecoa a ideia budista de nirvana — o estado de libertação do ciclo de desejo e sofrimento. Para ambos, a renúncia aos desejos mundanos e a busca por uma vida de contemplação e ascetismo são caminhos para a paz interior.

A compaixão como virtude central:
Schopenhauer via a compaixão como a base da moralidade, argumentando que reconhecer o sofrimento dos outros e agir para aliviá-lo é a expressão mais elevada da ética. Essa visão se assemelha ao conceito budista de karuna (compaixão), que é central para a prática espiritual e o desenvolvimento do bodhicitta (a mente iluminada).

A ilusão do eu:
O filósofo alemão questionou a noção de um “eu” estável e independente, argumentando que a individualidade é uma ilusão criada pela vontade. Essa ideia se aproxima do conceito budista de anatta (não-eu), que ensina que o “eu” é uma construção transitória e interdependente, sem uma essência fixa.

Fonte: Site Brasil247
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