Uma pessoa amiga me falou que estava cansada de fazer empatia, colocarse e assumir os problemas dos outros. Terminava sofrendo e sem saber o que fazer. Outra pessoa me informava que ouvia os problemas dos outros e voltava a questão perguntando o que ela pensava em fazer e o por que não fazia.
Alguém me contou que andando a noitinha por uma estrada deserta viu alguém caído. Pensou em parar o carro, mas temeu, talvez fosse uma simulação, um assalto. Outra pessoa em situação semelhante parou, verificou que a pessoa fora assaltada, prestou os primeiros socorros, levou para uma clínica e disse que qualquer despesa a mais ela pagaria. (o bom
samaritano).
O nosso país é um país de humilhados: primeiro por um racismo estrutural, e histórico. Depois pela situação de carências econômicas na moradia, alimentação, educação, saúde, discriminação de gênero, etnias. Mas, o pior é que quem discrimina é indiferente ao problema ou diz que a população é a responsável por esta situação. É muita humilhação.
Aqui entra Jesus de Nazaré como um salvador da situação. Ele não possui uma receita mágica, mas o projeto do Pai de tirar o pecado do mundo. (Falta de amor). Foram várias as situações encontradas por ele e também várias soluções: multiplicar pães e peixes, curar aleijados, cegos, endemoniados, mudar água em vinho. Ele é movido pela misericórdia.
Afinal, quem é esse Jesus de Nazaré? É o Messias, o Filho de Deus, O Divino que se faz humano, filho de Maria, o servo sofredor, o crucificado, o ressuscitado. Se fôssemos procurar uma síntese de Jesus de Nazaré: “Aqui queremos propor que o princípio que nos parece mais estruturante da vida de Jesus é a Misericórdia; por isso deve ser também da igreja.” (Sobrino, Jon 36, A misericórdia, Vozes, 2020).
“O Princípio Misericórdia é entendido como o amor específico que está na origem de um processo, presente e ativo ao longo dele, dá-lhe determinada direção e configura os diversos elementos dentro do processo.” (idem,37). Ou seja, sente, internaliza a dor, verifica as causas e lutas contra as injustiças dos opressores, desumanizadores e chega à
alegria da vitória, da libertação da falta de amor, do pecado. Provoca a humanização, a descida da cruz. Haja misericórdia!
Fortaleza, 10.01.2025. Ozanir Martins Silva