MUNDO – Os EUA e Israel destruíram a Síria e chamaram isso de paz. Artigo de Jeffrey D. Sachs

Jeffrey D. Sachs é professor da Universidade de Columbia, é diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia e presidente da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

“A interferência dos Estados Unidos, a mando do regime de Netanyahu, deixou o Oriente Médio em ruínas, com mais de um milhão de mortos e guerras abertas desencadeadas na Líbia, no Sudão, na Somália, no Líbano, na Síria e na Palestina, e com o Irã à beira de um arsenal nuclear sendo empurrado contra as suas próprias inclinações para esta eventualidade”. A reflexão é de Jeffrey D. Sachs, em artigo publicado originalmente por Common Dreams, e reproduzido por La Haine, 17-12-2024. A tradução é do Cepat.

Nas famosas palavras de Tácito, historiador romano: “Saquear, massacrar, usurpar, a estas coisas dão o falso nome de império; e onde criam um deserto, chamam isso de paz”. Em nossa época, são Israel e os EUA que criam um deserto e o chamam de paz.

A história é simples. Em flagrante violação do direito internacional, o primeiro-ministro do regime israelense, Benjamin Netanyahu, e os seus ministros reivindicam o direito de governar mais de 7 milhões de árabes palestinos.

Quando a ocupação israelense de terras palestinas gera uma resistência militante, Israel qualifica essa resistência de “terrorismo” e pede aos EUA que derrubem os governos do Oriente Médio que apoiam os “terroristas”. Os EUA, sob a influência do lobby israelense, vão à guerra em nome de Israel.

A queda da Síria esta semana é a culminância da campanha israelense e estadunidense contra a Síria, que remonta a 1996, com a chegada de Netanyahu ao cargo de primeiro-ministro. A guerra israelo-estadunidense contra a Síria intensificou-se em 2011 e 2012, quando Obama encomendou secretamente à CIA a derrubada do governo sírio na Operação Timber Sycamore. Esse esforço finalmente deu frutos esta semana, depois de mais de 300 mil mortes na guerra síria desde 2011.

A queda da Síria aconteceu rapidamente devido a mais de uma década de sanções econômicas esmagadoras, ao peso da guerra, ao roubo do petróleo da Síria por parte dos EUA, às prioridades da Rússia relativamente ao conflito na Ucrânia e, de forma mais imediata, aos ataques de Israel contra o Hezbollah, que foi o principal apoio militar do governo sírio.

Sem dúvida, Assad nem sempre jogou bem as suas próprias cartas e enfrentou um certo descontentamento interno, mas o seu governo foi alvo de colapso ao longo de décadas por parte dos Estados Unidos e Israel.

Antes da campanha EUA-Israel para derrubar Assad ter começado seriamente em 2011, a Síria era um país de renda média que funcionava e crescia, apoiado pelo seu povo devido à extensa rede de segurança social. Em janeiro de 2009, o Conselho Executivo do FMI afirmou o seguinte: “Os diretores executivos elogiaram o bom desempenho macroeconômico da Síria nos últimos anos, manifestado no rápido crescimento do PIB não petrolífero, no nível confortável das reservas cambiais e na dívida pública baixa e em declínio. Estes resultados refletem tanto a robusta demanda regional como os esforços de reforma das autoridades para mudar para uma economia mais voltada para o mercado”.

Fonte: Site Instituto Humanitas Unisinos
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