OS QUE NÃO QUEREM O PAPA NA COLÔMBIA.

Luis Badilla – Cidade do Vaticano – 06/09/2017Contrarios e indecisos…

Setores de direita acusam-no de apoiar com a sua viagem “a paz de Santos” Mas o que começou é a paz de todos os colombianos

Postado em 6/09/2017 por Alver Metalli

Contrários e indecisos …

Tradução: Orlando Almeida

Sabe-se que, independentemente da orientação política ou da confissão religiosa, a imensa maioria dos colombianos aguarda com esperança e entusiasmo a visita que Papa Francisco inicia hoje. O país vem se preparando há meses e as instituições leigas e religiosas fizeram tudo o que estava ao seu alcance para garantir o sucesso desta histórica visita pastoral. Além disso, todos estão conscientes, dentro e fora da Colômbia, de que

  • foi o próprio Papa Francisco que quis fazer esta viagem,
  • considerando que era a melhor contribuição que ele poderia dar para o processo de paz e reconciliação.

Desde o início do seu pontificado, Francisco atribuiu uma importância significativa às negociações para o acordo de paz entre o governo de Santos e as FARC. Os motivos são muitos, mas Francisco sempre enfatizou, em suas exortações e pensamentos, a centralidade das vítimas da longa guerra interna colombiana, que em muitos casos eram civis e inocentes.

Durante a sua visita a Cuba, em 20 de setembro de 2015, na Praça da Revolução em Havana, o Papa disse ao final do Angelus:

“Que o sangue derramado por milhares de inocentes durante tantas décadas de conflito armado, unido ao sangue do Senhor Jesus Cristo na Cruz, sustente todos os esforços que estão sendo feitos, inclusive aqui, nesta bela Ilha, para uma reconciliação definitiva. E que assim, a longa noite de dor e violência possa, com a vontade de todos os colombianos, ser transformada num dia sem fim de

  • concórdia,
  • justiça,
  • fraternidade
  • e amor

no respeito do institucionalidade e do direito nacional e internacional, para que a paz seja duradoura. Por favor, não temos direito de nos permitirmos outro fracasso neste caminho de paz e reconciliação. Obrigado, Senhor Presidente, por tudo o que você faz neste trabalho de reconciliação”.

Apesar da clareza e linearidade dos propósitos pastorais do Papa Francisco, na Colômbia,

  • um setor minoritário, mas midiaticamente aguerrido,
  • quis distorcer, por razões mesquinhas, o significado da peregrinação que acaba de começar.

Desde que o anúncio se tornou público, e especialmente nas últimas semanas, esses setores, associados geralmente à direita colombiana e  que, durante décadas, construíram a sua fortuna política explorando o conflito interno, alçaram a mira. Agora afirmam que o papa Francisco “vem apoiar a paz de Santos”. O que eles pretendem é associar a presença e o testemunho do Papa com um suposto apoio ao governo do presidente Manuel Santos e dessa maneira tentam politizar a viagem. Uma viagem que é exclusivamente pastoral e cujo único objetivo é acompanhar a nação colombiana no difícil caminho da paz e da reconciliação.

Atrás da campanha contra a visita e das declarações que tentam desnaturalizar os verdadeiros propósitos do Papa, estão o ex-presidente Álvaro Uribe e o que a imprensa do país chamou de “Uribismo”.

São os mesmos que, durante anos,

  • polemizaram com a Igreja colombiana,
  • sustentando que a única solução para o conflito era a via militar
  • e, ao mesmo tempo, acusaram os bispos­ – que, ao contrário, pediam diálogo e busca de soluções pacíficas e políticas – de serem vende-pátria.

Uribe e seus partidários foram derrotados pela história e pelos fatos, embora tenham conseguido um pequeno êxito com a vitória no referendo popular votado depois dos acordos de paz.

A maioria do Parlamento colombiano

  • acolheu quase todas as críticas importantes ao documento dos acordos
  • e depois sancionou definitivamente com uma votação o início do processo de desarmamento e pacificação entre as forças envolvidas.

Hoje,

  • a ex-guerrilha é um partido político constitucional,
  • a ONU e os países garantes certificaram o desarmamento,
  • e estão sendo implementados numerosos procedimentos para reintegrar os combatentes desmobilizados e desmantelar os depósitos de armas que eles mantinham.
  • Muitos países do mundo se mobilizaram para ajudar a Colômbia a alcançar uma paz estável e duradoura.

No entanto, no país existem pequenas minorias que não apreciam a paz porque construíram a sua fortuna com a guerra.

São elas

  • o tráfico de drogas,
  • as organizações paramilitares,
  • os traficantes de armas
  • e Álvaro Uribe.

A paz na Colômbia não tem proprietário nem administrador.

  • Não existe a paz de Santos, nem quando o diz Uribe nem quando o repete torpemente algum partidário do governo.
  • A paz é de todos, especialmente de quem a constrói todos os dias no silêncio e no anonimato.
  • Não é sequer a paz do Papa Francisco.
  • De qualquer forma, é a paz do povo colombiano, que chegou para trazer justiça e consolo a milhares de vítimas.

Francisco traz à Colômbia, no seu coração,  o pensamento do cardeal Carlo Maria Martini:

“Em seu significado mais profundo, a paz significa harmonia:

  • harmonia do homem com Deus,
  • do homem com seu próximo
  • e do homem com a terra.

Esta é a harmoniosa concepção bíblica dos primeiros capítulos do livro de Gênesis. E, além disso, há a paz-comunhão:

  • comunhão profunda de amor de Deus com o homem
  • e dos homens entre si, que é a paz que Jesus traz.

A paz, então, é composta de muitos elementos; o seu ponto culminante é a paz-comunhão, mas não deixa de lado as outras realidades e as outras situações terrenas. Precisamente por isso é necessário repensá-la continuamente e propô-la novamente em termos atuais, para que não seja uma mera abstração, uma simples ideologia”.

 

 

 

Luis Badillla 

Fonte: http://www.tierrasdeamerica.com/2017/09/06/los-que-quieren-al-papa-en-colombia-sectores-de-la-derecha-lo-acusan-de-respaldar-con-su-viaje-la-paz-de-santos-pero-lo-que-ha-comenzado-es-la-paz-de-todos-los-colombianos/

 

 

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