Quando o ensinamento comum da grande maioria de biblistas e teólogos faz o Vaticano temer que o Povo de Deus saiba a verdade, vale a pena perguntar:
– Quem tem medo da verdade, quando Paulo proclama, com tanta clareza, que só a Verdade nos salvará?
– Até quando a hierarquia da Igreja vai continuar a considerar a Assembleia dos Filhos de Deus, o Povo de Deus, como eternas crianças às quais não se pode dizer tudo “porque vão se escandalizar”?
João Tavares
Padre Ariel Álvarez Valdés, doutor em Bíblia, ensina que Adão e Eva não existiram…
Fonte: http://www.diaadia.com.ar/?q=content/los-rebeldes-de-la-iglesia-dan-pelea-0
Tradução de: João Tavares
Licenciado em Bíblia em Bíblia pela Universidade de Jerusalém e doutor em Sagradas Escrituras pela Universidade de Salamanca, Alvarez Valdés questiona a exatidão histórica de muitas histórias bíblicas e crenças populares que devem ser lidas como parábolas.
Nascido em Santa Fé, Ariel Alvarez Valdés, um teólogo de renome internacional, deixou o ministério sacerdotal, porque recebeu pressão da Igreja, porque ensina que Adão e Eva não existiram e que a Maria não foi sempre virgem. Mas quem é este homem que ousa desafiar os dogmas da Igreja Católica?
Ele tem uma sólida formação acadêmica impecável. Valdés, um padre de renome internacional, é também autor de vários livros sobre o Antigo e o Novo Testamentos. E não é amador, pois tem uma formação de elite. Licenciado em Bíblia pela Universidade de Jerusalém e doutor em Sagrada Escritura na Universidade de Salamanca, Alvarez Valdés questionou a exatidão histórica de muitas histórias bíblicas e crenças populares que devem ser lidas como parábolas.
Ele é um membro de várias associações internacionais, inclusive da Sociedade Argentina de Teologia, e autor de vários livros na área.
Nasceu em Santa Fé e vive em Santiago del Estero, onde atuou até agosto do ano passado como professor na Universidade Católica e no Seminário diocesano. Como parte de seus estudos acadêmicos fez viagens ao Egito, Jordânia, Turquia, Grécia e Península do Sinai. É membro da Associação Bíblica Italiana, Associação Bíblica Espanhola e da Sociedade Argentina de Teologia. Sua tarefa principal tem sido a divulgação da investigação científica da Bíblia, obra realizada através de muitos livros, revistas e artigos. Entre suas publicações mais conhecidas se contam: O que sabemos sobre a Bíblia? (cinco volumes) e Enigmas da Bíblia (oito volumes). Outros títulos são: O que a Bíblia não conta e A Bíblia sempre fala a verdade?. As obras de biblista santiaguenhoforam traduzidos em italiano, inglês, francês, alemão, flamengo, russo, ucraniano, romeno e português.
Depois de um prolongado confronto com o Vaticano e a Igreja Católica de Santiago del Estero, Álvarez Valdés renunciou irrevogavelmente ao sacerdócio e seguiu sua caminhada. No entanto, as razões pelas quais ele chutou o pau da barraca (na realidade isso foi 6 meses atrás, mas agora ele saiu definitivamente) são muito interessantes. O homem que se opõe abertamente à Bíblia quando ela diz que, com lama, Deus criou Adão e, de uma de suas costelas, nasceu Eva é, sem dúvida, um homem que vale a pena escutar.
Mas sobre quê o Vaticano o questiona? Que seus escritos continham “afirmações errôneas ou ambíguas” que não são compatíveis com “o ensinamento do Magistério autêntico da Igreja”. Mas, ao que parece, talvez ainda mais do que isso, o que aborrece Roma e o cardeal Bertone é o fato de Alvarez Valdés “salta indevidamente (em sua exegese) do nível de discussão científica para o nível da divulgação”.
Parece que mais do que o alegado erro, o que mais perturba o Vaticano é que essa divulgação se faça em linguagem popular e acessível a um público amplo. Em 1999, a Congregação para a Doutrina da Fé tinha ordenado que todos os textos Alvarez Valdés fossem analisadas por um perito. A conclusão do perito foi, entre outras considerações, que os trabalhos do estudioso bíblico “prestam um grande serviço aos católicos com pouca formação” e que “a notável acolhida que os seus escritos receberam entre os agentes de pastoral indica um reconhecimento de seu serviço à Igreja nessa tarefa de ampla divulgação”. Bertone não gostou do relatório e o classificou como “incongruente” por dizer que no trabalho de Alvarez Valdés não “há afirmações problemáticas”, porque “não são gravemente contrárias à fé católica”.
As observações e críticas do Vaticano a Alvarez Valdés começaram em 1995, após uma denúncia feita pelo padre jesuíta uruguaio, Horácio Bojorje na sequência de um artigo intitulado “O diabo e os demônios são a mesma coisa?”. O biblista defendeu nesse texto em que os endemoninhados do Evangelho eram, em muitos casos, doentes com patologias desconhecidas naquela época. Desde então, as autoridades da Igreja começaram a lhe exigir retratações públicas e a impor a censura prévia de suas publicações. Em 1999, Tarcisio Bertone, secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, cujo Presidente era o card. Joseph Ratzinger (agora Papa Bento XVI), reivindicou que se fizessem novas edições dos livros de Alvarez Valdés, incluindo nelas as correções de supostos erros e, além disso que o padre Valdés se retratasse publicamente. O texto da retratação deveria passar antes pelo Vaticano para sua aprovação.
Muito se tem sido publicado nos últimos dias, mas numa entrevista publicada pelo Pagina/12, Álvarez Valdés explica claramente seus conceitos.
– O que você sustenta sobre o relato bíblico de Adão e Eva?
– Que não é um relato histórico. O autor que o escreveu não sabia nem pretendia ensinar como o homem apareceu sobre Terra. O que a Bíblia sabe é de onde veio o homem das mãos de Deus. Como ele apareceu, se foi ou não como o sugere a teoria da evolução, é assunto dos cientistas. A história de Adão e Eva procura destacar a grandeza de um homem e de uma mulher criados por Deus: ninguém pode abusar de outra pessoa, por mais humilde que seja, porque em cada ser humano encontra-se à imagem de Deus.
– E qual é a doutrina oficial da Igreja sobre este assunto?
– A imensa maioria dos teólogos dizem que eu acabo de dizer. Na verdade, o Vaticano enviou-me uma carta reconhecendo que minha posição era correta, mas questionava o fato de a divulgar para o grande público, em vez de a limitar a livros técnicos de difícil acesso.
– Ou seja, que a Igreja iria manter dois discursos sobre o assunto.
– Foi exatamente disso que eu me queixei.
Se você pode escrever nos livros de teologia, por que não deveria ser possível dizer ao grande público? Mas eles temem o escândalo, é sempre a mesma coisa. Meu bispo, no preâmbulo da proibição, argumentou que as minhas declarações causa “perplexidade” ao povo”. Mas o papa também causa perplexidade às vezes. O próprio Jesus, nos evangelhos, deixava os seus discípulos perplexos.
– Outros pontos de discórdia se referem à figura de Maria …
– Não existe a certeza de que o anjo Gabriel “apareceu” a Maria, como um homem que entrou voando pela janela aberta: se assim tivesse sido, Maria não teria tido a oportunidade de expressar sua fé; se ela realmente tivesse visto o anjo, isso não seria a fé. Na realidade, o anjo simboliza a voz de Deus no coração de Maria.
– De qualquer maneira, a concepção de Maria continuando virgem, já implicaria numa intervenção do sobrenatural.
– Na Bíblia, a virgindade não necessariamente precisa ser interpretado como um fato meramente físico. A Bíblia entende por virgindade o fato de fidelidade a uma mesma pessoa. No Antigo Testamento podemos ler: “Feliz de ti, virgem, que concebeste teus filhos …”. Nesse sentido, uma virgem pode ter filhos com seu marido, porque a virgindade não diz respeito à biologia, mas à fidelidade.
– Muitos católicos não costumam entender isso dessa maneira …
– Mas essas coisas já foram aceites. Já não me pedem para me retratar desses pontos. Durante estes anos, me aceitaram nestes e outros pontos. A única exigência de retratação que não retiraram foi sobre Adão e Eva. E eu disse que não: com que cara eu iria olhar para os meus alunos depois de dizer tamanha barbaridade?
– Outro ponto foi a sua recusa em admitir “aparições” da Virgem Maria.
– Os mortos, segundo a Bíblia, não podem retornar à Terra. Quem morreu não vai voltar, e quem voltou nunca morreu. Essas histórias compiladas Victor Sueyro, de túneis, luzes e música, correspondem ao lado de cá: ninguém retorna do lado de lá. Então, a Virgem Maria não pode “aparecer” não pode estar fisicamente presente a ninguém. Alguém pode ter uma visão da Virgem Maria, que ocorre na retina da pessoa, mas não no exterior.
– Como distinguir estas visões das visões de que se fala na psicopatologia?
– Eles são autênticas se as mensagens que transmitem coincidem com a Bíblia. 90 por cento das mensagens atribuídas à Virgem Maria são contra a Bíblia: diz-se que São Nicolas tinha contado que o nascimento de Jesus foi como quando um raio de sol atravessa o vidro da janela, sem o tocar nem quebrar, mas a Bíblia diz que Jesus nasceu como um homem, isto é, como todos os homens nascem.
– Você também afirmou que os chamados estigmas não são sinais de santidade nem provêm de Deus…
– Infelizmente, muitos acreditam que são sinais de santidade, enviado por Deus. Mas eles não podem vir de Deus, porque doem muito. Um estigma é terrivelmente doloroso, é um buraco em sua mão. Deus é amor e bondade e não pode enviar lesões para a gente. Os estigmas vêm de desequilíbrio mental das pessoas: cientificamente, a mente humana pode ter um poder despótico sobre o corpo. Da mesma forma, muitas pessoas ainda pensam que Jesus nos salvou por sua morte na cruz e que, sem isso, Ele não nos teria salvado. Isso significa, então, que Ele contratou Pilatos para que o condenasse, a Pedro para que o negasse a Judas para o trair? Se Judas não tivesse traído, Ele não nos teria salvado? Jesus, nos teria salvado mesmo que tivesse morrido velhinho em sua cama. Porque nos através do amor, não da dor.
Depois de deixar o hábito, Alvarez Valdés, de 52 anos, visa “criar um instituto bíblico para aproximar as pessoas para a Igreja Católica. Já que não o posso fazer como padre, porque o meu bispo mo proíbe, dou um passo para o lado e vou fazê-lo como leigo.”
Quanto aos meios materiais para poder viver, “Felizmente eu moro na casa dos meus pais, que me apoiam; tenho publicado alguns livros; graças a Deus, nunca vivi da Igreja.”
O bispo de Santiago del Estero comunicou que “com dor recebemos esse pedido (de dispens do ministério – NT). Durante muito tempo tentamos encontrar uma maneira de lidar com a situação eclesial do padre, mas, apesar de reconhecermos nossos esforços mútuos, infelizmente não conseguimos. “
TEO REDES
PERIODISMO PLURAL Y
ESTADO LAICO
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A Igreja, capitaneada em seu “Santo” Ofício pelo então cardeal Ratzinger já havia imposto um “silêncio osequioso” ao Padre Oscar Quevedo, s.j., renomado parapsicólogo brasileiro, em razão de suas explicações a respeito das assim chamadas “possessões deminíacas” e “exorcismos”, o que foi muito bem exposto na obra “Antes que os Demônios Voltem” (Ed. Loyola). Outros importantes teólogos e biblistas foram igualmente perseguidos pela inquisição da Congregação para a Doutrina da Fé porque ousaram pensar por conta própria, algo que Roma abomina, afinal membros do clero e os leigos, na visão vaticana, devem ser meros repetidores (papagaios) da teologia oficial aprovada pelos donos da verdade da Cúria Romana. O que houve com esse sacerdote argentino foi apenas mais um de vários outros casos similares em que o autoritarismo do vaticano se impôs sobre a liberdade de pensamento, de consciência e de ação de um dos membros do clero, os quais, para Roma, devem ser sempre “cordeirinhos obedientes” dos caprichos da Cúria e do próprio Sumo Pontíficie. É um absurdo a Igreja defender a existência real de Adão e Eva, que são meros símbolos teológicos da humanidade, nada mais do que isso. Parece que a vontade romanda de manter a infantilidade em sua interpretação quase literal da bíblia persistirá por séculos afora, a despeito da perda cada vez mais intensa das mentes pensantes (não escravas) do catolicismo. É triste, mas não vejo mais perspectivas de que nossa Igreja possa se tornar uma comunidade simples, humilde, pobre, sem poderes temporais, solidária, fraterna, misericordiosa e justa. O catolicismo, ao renunciar aos ventos novos do Vaticano II e regressar aos imemoriais tempos medievais, selou seu trágico destino, traindo a essência dos ensinamentos de Jesus de Nazaré. Isto faz meu coração doer, mas é a realidade que se apresenta diante de nossos marejados olhos, onde qualquer resto de esperança não é mais do que ilusão…
DE FATO, ADÀO E EVA NÃO EXISTIRAM. O AUTOR SAGRADO QUERIA EXPRESSAR DEUS E SUA CRIAÇÃO POR MEIO DE UMA PARÁBOLA, E ASSIM SE FEZ. O AUTOR PARTIU DE SUA EXPERIENCIA QUE É HUMANA E ENTÃO OS GRANDES PROTAGONISTAS SÃO ADÃO E EVA.
QUANTO A VIRGINDADE DE MARIA, MUITAS VEZES PENSAMOS UMA MULHER QUE NUNCA TEVE RELAÇÕES SEXUAIS, MAIS O SENTIDO É MAIS PROFUNDO E VIRGINDADE É PUREZA, É SABEDORIA EM AMAR, É CAPACIDADE DE SER ENTREGAR A CADA dia da vida com fidelidade a Deus e aos irmãos.
O PADRE ALVAREZ MERECE SER ESCUTADO.
MAIS UMA VEZ A CÚPULA DA IGREJA QUER “CALAR” A VOZ DE HOMENS QUE COM CORAGEM E FÉ, PROCURAM NOS ENSINAR COM LÓGICA E CLAREZA OS ENSINAMENTOS BÍBLICOS.VEJAM O EXEMPLO DE LEONARDO BOFF, AGORA PE VALDEZ, COMO CATÓLICO QUE PROCURA VIVER UMA FÉ ADULTA, NÃO UMA FÉ INFATILIZADA, DO TEMPO DA IDADE MÉDIA, NÃO ESTOU NA IGREJA PELOS HOMENS, MAS POR DEUS É QUE CONTINUO NELA, MAS NÃO VOU DEIXAR DE EXPRESSAR MINHA PROFUNDA INDIGNAÇÃO AO QUE ACONTECEU AO PADRE ARIEL,CONHEÇO SUA PUBLICAÇÃO FEITA NO BRASIL PELA EDITORA SANTUÁRIO, EM NENHUM MOMENTO VAI DE ENCONTRO COM QUE ENSINA A IGREJA, MAS EU NÃO ENTENDO COMO A CÚRIA ROMANA, NA PESSOA DO PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ (EX-“SANTA”INQUISIÇÃO)TOMA ESSA ATITUDE INCONSEQUENTE. É DE HOMENS COMO O PADRE VALDEZ QUE NOSSA IGREJA PRECISA, UM HOMEM À FRENTE DE SEU TEMPO, UM MARTINHO LUTERO QUE NA IDADE MÉDIA NÃO SE CALOU DIANTE DOS DESMANDOS DA “ELITE RELIGIOSA” DA ÉPOCA AO PONTO DE SAIR DELA E FUNDAR A IGREJA LUTERANA. INFELIZMENTE COMO VI NUM DOS COMENTÁRIOS A IGREJA CATÓLICA ESTÁ RASGANDO O SEU PRÓPRIO CONCÍLIO VATICANO II A NÃO SE ABRIR AO NOVO, PARECE QUE NÃO VIVENCIA A TITUDE DO PAPA JOÃO XXIII QUE NA ABERTURA DO CONCÍLIO DISSE QUE IRIA ABRIR AS PORTAS PARA QUE VENTOS NOVOS SOPRASSEM SOBRE A IGREJA, MAS A CÚRIA ROMANA PREFERE O GOSTO AMARGO E MOFADO DO CONCÍLIO DE TRENTO…
Quevedo nunca foi perseguido por Roma e sim pelo seu superior, inclusieve, Quevedo obediente aos votos que fez, calou-se sem questionar, sendo fiel a igreja ao contrario de Valdez. A obra de Quevedo depois foi exporta a Roma, que tendo conhecido seu trabalho tirou o silêncio obsequioso. Como as pessoas deturpam as coisas. É impressionante.