Com inteligência, criadores da IA chinesa driblaram a força bruta dos EUA. E compartilharam o que produziram! Falta o mais difícil: criar relações sociais que tornem a tecnologia companheira, e não algoz. Mas vale aplaudir o passo dado…
Agora, todos já sabem. A DeepSeek, uma empresa chinesa de inteligência artificial (IA), lançou um modelo chamado R11, que é comparável em capacidade aos melhores modelos de empresas como OpenAI, Anthropic e Meta, mas foi treinado a um custo radicalmente mais baixo e usando chips de GPU inferiores ao estado da arte. A DeepSeek também tornou públicos detalhes suficientes do modelo para que outros possam executá-lo em seus próprios computadores sem custos.
A DeepSeek é um torpedo que atingiu abaixo da linha d’água as chamadas “Sete Magníficas” empresas de tecnologia dos EUA. A DeepSeek não usou os chips e softwares mais recentes e avançados da Nvidia; e não precisou de gastos astronômicos para treinar seu modelo de IA, ao contrário de suas concorrentes americanas; e ainda assim oferece um número semelhante de aplicações úteis.
A DeepSeek construiu seu modelo R1 com chips mais antigos e mais lentos da Nvidia, aqueles cuja exportação para a China foi permitida pelas sanções dos EUA. O governo dos EUA e os gigantes da tecnologia acreditavam ter um monopólio no desenvolvimento de IA devido aos enormes custos envolvidos na fabricação de chips melhores e modelos de IA mais avançados. Mas agora o R1 da DeepSeek sugere que empresas com menos recursos financeiros poderão, em breve, operar modelos de IA competitivos. O R1 pode ser usado com um orçamento reduzido e muito menos poder computacional. Além disso, o R1 é tão eficiente quanto seus concorrentes na “inferência”, o jargão da IA para descrever o processo em que os usuários fazem perguntas ao modelo e obtêm respostas. E ele pode rodar em servidores de diversas empresas, eliminando a necessidade de pagar preços exorbitantes para alugar infraestrutura de empresas como a OpenAI.
O mais importante é que o R1 da DeepSeek é “código aberto”, ou seja, seus métodos de codificação e treinamento estão disponíveis para que qualquer um possa copiar e desenvolver. Isso representa um golpe significativo nos segredos “proprietários” que OpenAI e o Gemini do Google mantêm em uma “caixa preta” para maximizar seus lucros. A analogia aqui é com a indústria farmacêutica, quando se compara medicamentos de marca e genéricos.
A grande questão para as empresas de IA dos EUA e seus investidores é que pode não ser necessário construir imensos centros de dados repletos de chips caríssimos para alcançar resultados suficientemente bem-sucedidos. Até agora, as empresas americanas vinham aumentando massivamente seus planos de gastos e tentando captar bilhões para esse fim. De fato, na mesma segunda-feira em que o R1 da DeepSeek foi anunciado, a Meta revelou um novo investimento de US$ 65 bilhões, e poucos dias antes, o presidente Trump anunciou subsídios governamentais de US$ 500 bilhões para os gigantes da tecnologia como parte do chamado projeto Stargate. Ironicamente, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, disse que estava investindo porque “Queremos que os EUA definam o padrão global de IA, e não a China.” Oh, querido…
Agora, os investidores estão preocupados de que esses gastos sejam desnecessários e, mais do que isso, que afetem a lucratividade das empresas americanas, caso a DeepSeek consiga oferecer aplicações de IA a um décimo do custo. Cinco das maiores ações de tecnologia focadas em IA — a fabricante de chips Nvidia e os chamados “hiperescalares” Alphabet, Amazon, Microsoft e Meta Platforms — perderam coletivamente quase US$ 750 bilhões em valor de mercado em um único dia. Além disso, a DeepSeek ameaça os lucros das empresas de data centers e das operadoras de água e energia que esperavam se beneficiar da grande ‘expansão’ promovida pelas Sete Magníficas. O boom do mercado de ações dos EUA está fortemente concentrado nessas empresas.
Fonte: Site OUTRAS PALAVRAS
Matéria Completa: Acesse Aqui