Além dos fatores conjunturais, o país tem uma questão estrutural, a internacionalização da sua agricultura, que afeta até mesmo produtos que não estão na pauta de exportação e importação; entenda
A inflação de alimentos no Brasil continua no centro das atenções. O governo federal tem estudado medidas para amenizar o impacto, em especial para as famílias mais pobres. Mas, para o diretor do Instituto Fome Zero, José Giacomo Baccarin, embora existam fatores conjunturais na recente elevação de preços, o problema é outro.
Também professor livre docente do Departamento de Economia, Administração e Educação, da Unesp, Baccarin destaca que não se trata de um cenário novo: entre 2007 e 2023, a média anual do IPCA ficou de 5,8%, enquanto o Índice de Preços de Alimentação e Bebidas (IPAB), um dos nove grupos que integra o IPCA, chegou a 7,8%. Neste período, em apenas quatro anos (2009, 2017, 2021 e 2023), a inflação oficial superou a de alimentos, sendo que, em 2021, isso só aconteceu por conta da elevação dos preços dos combustíveis: a gasolina subiu 47,49% e o gás de botijão, 36,99%.
O professor da Unesp falou sobre o tema em uma live na TV Economista que discutiu a relação entre a internacionalização da agricultura e os impactos na inflação de alimentos no Brasil. E a participação do Brasil no mercado internacional está na raiz da elevação de preços, segundo ele.
A internacionalização da agricultura brasileira se intensificou a partir da década de 1990 e ganhou ainda mais força no século 21, fazendo do Brasil um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do mundo. Esse cenário traz impactos diretos para os preços internos, especialmente para os consumidores mais pobres. Enquanto a média nacional de gastos com alimentação gira em torno de 18% a 19% da renda, para as famílias de baixa renda esse percentual pode chegar entre 30% e 40%, detalha Baccarin.
Fonte: Site Revista Fórum
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