ARTIGO – A JOVEM ESPOSA DE NAZARÉ

Maria é uma figura essencial no tempo do Advento e do Natal: 8 de dezembro,
o anúncio de sua maternidade; a natividade; a fuga para o Egito…

Tudo parece tão simples quando lemos as diferentes histórias, como um enredo que se
desenrola de acordo com um plano bem estabelecido.

E, ainda assim, será que os dias que se seguiram ao anúncio do anjo foram tão maravilhosos e encantadores? Essa jovem estaria tão sozinha, carregando dentro de si o Bebê anunciado, o próprio Filho de Deus!

Levaria algum tempo para que José permitisse que o amor superasse a razão imposta por uma lei intransigente. A jovem Maria, por sua vez, enfrentaria olhares desconfiados, censuras e zombarias dos habitantes de Nazaré, que a julgariam com severidade.

Maria: a angústia de uma mulher-mãe ou de uma mãe solteira…

Assim como milhares de mulheres hoje em dia, que precisam lutar diariamente porque o companheiro ou marido as deixou, sozinhas, com um ou mais filhos. Divorciadas ou mães solteiras, levantam-se todas as manhãs, sustentadas pela ternura, pela tenacidade e pela coragem de enfrentar, sozinhas, as múltiplas tarefas e preocupações da vida.
São elas que tomam decisões urgentes, fazem escolhas difíceis, lidam com as contas, os contatos com a escola, a frieza das burocracias, a ida ao médico. Ainda precisam correr para o trabalho, mesmo quando descobrem que o carro ou o aquecimento estão quebrados!

Enfrentam tudo isso – e o desânimo, a ansiedade – sabendo que não há alternativa. Precisam resistir e seguir em frente, ainda que o fardo pareça insuportável. Carregam todas essas dificuldades porque amam seus filhos, os quais, mesmo sendo vestígios de um amor que um dia as uniu a alguém, agora representam sua força e razão de viver.

Essas mães são mulheres!

Seus corações estão em exílio, sofrendo por estarem sozinhos. Corações que lamentam um amor partido. Às vezes, à noite, choram em silêncio, com a cabeça enterrada no único travesseiro da cama. Permitem que as lágrimas escorram, desfazendo o brilho de seus olhos.
Mas, ainda assim, levantam-se de manhã, dia após dia.

Elas se olham no espelho e se embelezam novamente, porque sabem que não podem se render. Nunca devem esquecer que são mulheres, que a fonte de seu amor é inesgotável.

Sabe, acredito que Maria tem um carinho especial por essas mulheres, essas “esposas-mães”. Aquelas que não têm um “José” para compartilhar o caminho materno. Porque Maria também conheceu – talvez? Certamente! – essa angústia, ainda que por um tempo breve.

E é por isso que ela sorri, com ternura, ao ver uma criança se aproximar de
sua mãe solitária e sussurrar com um grande abraço:

“Mãe, eu te amo!”

Álvaro Silva

 

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