MUNDO – “A maior quantidade e o mais rápido possível”: colonos israelenses buscam terras na Síria e no Líbano

Poucas horas depois da queda do regime de Bashar al-Assad, as forças israelenses já entravam em território sírio para conquistar aquela encosta do Monte Hermon/Jabal A-Shaykh e a zona de contenção entre a Síria e as Colinas de Golã, ocupadas por Israel há mais de meio século. Mas o exército não foi o único que reagiu rapidamente; o mesmo aconteceu com o movimento de colonos israelenses.

A reportagem é de Illy Pe’ery, publicada por revista +972, e reproduzida por Ctxt, 16-12-2024.

“Temos que conquistar e destruir. Tanto quanto possível e o mais rápido possível”, escreveu um membro do Uri Tsafon – um grupo fundado no início deste ano para promover a colonização israelense do sul do Líbano – no grupo de WhatsApp da organização. “Precisamos verificar se, de acordo com as novas leis sírias, os israelenses estão autorizados a investir em imóveis e começar a comprar terras lá”, escreveu outro membro. Num outro grupo WhatsApp de colonos, os membros partilharam mapas da Síria e tentaram identificar potenciais áreas de colonização.

O movimento Nachala, liderado por Daniella Weiss, que nos últimos meses liderou os esforços para reassentar Gaza, expressou opinião semelhante numa publicação no Facebook: “Quem continua a pensar que é possível deixar o nosso destino nas mãos de um agente estrangeiro, desista da segurança de Israel! “O assentamento judaico é a única coisa que trará estabilidade e segurança regionais ao Estado de Israel, juntamente com uma economia estável, resiliência nacional e dissuasão. Em Gaza, no Líbano, em todas as Colinas de Golã, incluindo o ‘Planalto Sírio’, e em todo o Monte Hermon”, acrescentou, e anexou um mapa bíblico intitulado “As Fronteiras de Abraão”, no qual o território de Israel inclui todo o Líbano, bem como a maior parte da Síria e do Iraque.

Isto não é mera conversa; esses grupos são muito sérios. Nachala já mapeou os locais onde planeja construir novos assentamentos judaicos na Faixa de Gaza e afirma que mais de setecentas famílias se comprometeram a se mudar quando surgir a oportunidade (a própria Daniella Weiss já esteve em Gaza sob escolta militar para explorar possíveis locais). E na semana passada, Uri Tsafon, que aguardava há um ano, fez a sua primeira tentativa de apropriação de terras no sul do Líbano – onde soldados israelenses ainda estão presentes após o acordo de cessar-fogo.

Em 5 de Dezembro, o fundador do grupo, Amos Azaria, professor de ciências da computação na Universidade Ariel, na Cisjordânia ocupada, atravessou a fronteira para o Líbano juntamente com seis famílias numa tentativa de estabelecer um posto avançado. Chegaram à zona de Maroun A-Ras, entrando cerca de dois quilômetros em território libanês, e plantaram alguns cedros em memória de um soldado israelense que morreu em combate no Líbano há dois meses. Várias horas se passaram antes que o exército israelense os expulsasse e os obrigasse a retornar a Israel. (Em resposta ao pedido da revista The Hottest Place in Hell para comentar este incidente, a polícia israelense disse que, de acordo com o exército, nenhum civil israelense tinha atravessado para o Líbano.)

Mesmo em junho, na “Primeira Conferência sobre o Líbano” de Uri Tsafon, realizada através do Zoom, os membros já falavam sobre a colonização da Síria. O Dr. Hagi Ben Artzi, cunhado de Benjamin Netanyahu e membro do grupo, disse aos participantes que foi prometido ao povo judeu as fronteiras de Israel nos tempos bíblicos: “Não queremos nem um metro além do rio Eufrates. Somos humildes. [Mas] o que nos foi prometido, devemos conquistar.”

Fonte: Site Instituto Humanitas Unisinos
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