Um caso exemplar diz respeito aos sacerdotes nascidos de casais em que um ou ambos os pais não são católicos: as histórias de vida de quatro sacerdotes indonésios de famílias inter-religiosas
As histórias de vida de quatro sacerdotes indonésios de famílias inter-religiosas, “mostram que as diferenças não são barreiras, que a vida espiritual é sempre uma riqueza, que o vínculo familiar é dom de Deus e é forte. A batina e o véu não são obstáculos à harmonia, mas indicadores de fraternidade”. Entre esses, há um sacerdote verbita pároco no Brasil.
Falando da celebração pela sua ordenação episcopal, dom Ciprianus Hormat, bispo de Ruteng, na ilha indonésia de Flores, menciona quase que en passant a ampla e entusiástica participação dos seus “parentes muçulmanos”. Sinal eloquente de como as famílias “inter-religiosas” representam uma realidade difundida e bem presente na sociedade indonésia. Uma realidade em que se experimenta na vida quotidiana uma aptidão para acolher a experiência espiritual do outro, seja ela qual for: mesmo quando se trata de crianças, que podem escolher uma fé diferente da da sua própria família.
“Isto acontece também quando se trata de respeitar e não criar obstáculo à vocação à vida sacerdotal e religiosa, que no entanto é acolhida como dom pelos pais ou familiares que professam o Islã ou uma fé diferente”, observa o bispo de Ruteng. “A prevalecer são os laços familiares e, em nível espiritual, há um profundo respeito pela fé de cada um dos parentes, na consciência de que a harmonia é um dom precioso a ser preservado”, observa.
Um caso exemplar diz respeito aos sacerdotes nascidos de casais em que um ou ambos os pais não são católicos: as histórias de vida de quatro sacerdotes indonésios de famílias inter-religiosas, “mostram que as diferenças não são barreiras, que a vida espiritual é sempre uma riqueza, que o vínculo familiar é dom de Deus e é forte. A batina e o véu não são obstáculos à harmonia, mas indicadores de fraternidade”, observa o prelado, citando a história de dois religiosos Verbitas, padre Robertus Belarminus Asiyanto e padre Agustín Horowura, ambos naturais da ilha das Flores; de padre Mayolus Jefrigus Ghoba, de Sumba; de padre Edi Prasetyo, sacerdote indonésio de honiano (da Congregação do Sagrado Coração de Jesus), ordenado sacerdote na vizinha Malásia com outros irmãos da sua congregação.
Flores, a ilha das vocações na Indonésia
Em Flores, ilha indonésia no leste do arquipélago, na província de Nusa Tenggara, tem início a história de Robertus Belarminus Asiyanto, que em 2015, aos 31 anos, foi ordenado sacerdote no Seminário St. Paul Ledalero, em Maumere.
No arquipélago do Sudeste Asiático conhecido por ser o país de maioria islâmica mais populoso do mundo, com mais de 275 milhões de habitantes, 85% muçulmanos, Flores é considerada “o coração católico da Indonésia” pois, entre as 17 mil ilhas, constitui uma exceção: é uma ilha de maioria católica onde, de cerca de 4 milhões de habitantes, os católicos representam 80%. Flores é ilha onde os Seminários Maiores e Menores estão repletos de jovens e as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada são uma riqueza universalmente reconhecida. Até o Papa Francisco, na homilia da Missa do Dia da Vida Consagrada de 2022, disse, falando de improviso, que, perante a crise vocacional, se poderia ir “para a ilha da Indonésia (Flores, precisamente, ndr. ) para encontrá-las.”
A benção da mãe mulçumana na ordenação
A mãe de Asiyanto, Siti Asiyah, como muçulmana, deu sua bênção e o seu apoio ao filho. Na celebração da ordenação usava roupas islâmicas, incluindo o hijab e estave presente ao seu lado na procissão de entrada, com os outros pais. A mulher colocou as mãos na cabeça do filho e disse que estava muito feliz em ver seu filho ordenado sacerdote católico.
Naquele dia, todos os presentes aplaudiram o seu gesto e a sua afirmação pública, pronunciada com emoção enquanto assistia aos ritos de ordenação. Asiyanto é católico desde criança, com o consentimento de ambos os pais. Com forte desejo de prosseguir a vocação sacerdotal, dirigiu-se ao Seminário dos Verbitas e pediu a bênção de sua mãe. Ela disse: “Segue o teu coração”. Uma mãe que criou o seu filho tendo bem presente “o maior dom, a liberdade de se tornar sacerdote”, diz hoje pe. Robertus.
Fonte: Paróquia Santo Antônio
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